Acompanhei com estranha agonia a encenação do então secretário de Cultura do governo federal, Roberto Alvim. Vídeo nazista, inspirado na propaganda de Hitler, o roteiro seria apenas patético se não fosse um retrato de nosso tempo. E Alvim seria apenas um péssimo ator, um sujeito de ideias bizarras, se não fosse um dos soldadinhos em marcha para a construção de um regime totalitário. Taí a angústia que sinto. Ver crescer entre nós um exército de seguidores cegos, sedentos por reviver um período triste da história da humanidade.
Não se trata de conservadorismo, como alguns justificam. Trata-se da construção de um regime fascista. Trata-se de desconstruir a cultura, as instituições, a imprensa e a democracia. O que está sendo gestado, saindo das sombras, é o autoritarismo, em sua instância mais perigosa: o poder constituído. Essas pessoas de ideias extremamente retrógradas não estão apenas cultuando o nazifascismo, deitadas em suas espreguiçadeiras, babando em recortes de jornais antigos. Elas estão chegando ao poder, estão censurando a arte, estão reescrevendo livros didáticos, estão fazendo leis e estão, na maior cara de pau, expondo sua monstruosidade. Por mim, não passarão. E por você?
O processo de doutrinação cresce. Mas já é conhecido, estudado e decifrado. Sabemos todos onde foi parar Hitler e sua turma. Sabemos todos o que a estratégia desse pessoal foi capaz de fazer contra a humanidade. Cabe a todos nós sair do nosso quadrado e ter um papel ativo contra o autoritarismo. Alvim não passou no teste dos idiotas. É preciso mais do que uma cara lavada e um filme já visto para emplacar um discurso nazista. O governo de Bolsonaro não pode tudo. Teve de se render às inúmeras manifestações de autoridades das mais diversas instâncias. Com alguma sorte, haverá mais incompetentes entre eles. Cairão um a um.
Mas é certo que uma linha de pensamento reacionária pode prosperar com boa estratégia. É preocupante a naturalidade com que se comportam os artífices do autoritarismo, pregando o ódio e a violência. É preciso estar atento e forte. Sejamos, antes de tudo, vigilantes e fiéis partidários da democracia, acima de qualquer diferença.
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