Correio Braziliense
postado em 22/01/2020 04:16
Muitas lições profissionais, senão a maioria delas, não são ensinada nas escolas, mas no ambiente de trabalho. É no labor diário e na soma dos nove fora entre erros e acertos que o profissional se aprimora. Por mais complexas que sejam as tarefas executadas, o bom desempenho só é atingido pela experiência prática cotidiana. E isso vale para quase tudo. No jornalismo, é essencial.
Antigamente, antes do advento dos computadores ligados às redes sociais, o telefone era o instrumento mais utilizado pelos profissionais da notícia. Praticamente, toda a vida profissional dos repórteres dependia desse aparelho. Não por outro motivo, as redações de jornalismos eram abarrotadas de telefones fixos, onde em cada linha disponível jornalistas ficavam dependurados, com suas agendas maçudas, checando e correndo atrás dos fatos diários.
Nesses ambientes, o ouvido parecia trabalhar mais que a visão. Os raros e escassos flagrantes, superavam em velocidade às máquinas fotográficas analógicas e os gravadores que dependiam de fitas e pilhas. Nos comitês de imprensa, espalhados por toda a estrutura federal, havia um frenesi constante de pessoas à espera de um furo e de uma notícia de monta que viesse pela linha do telefone ou que entrasse pela sala de espera, trazidos pelos porta-vozes diretamente dos gabinetes.
Eram tempos diferentes, onde a palavra democracia e abertura parecia existir apenas entre os jornalistas. As notícias eram filtradas e peneiradas desde a fonte para não melindrar os homens de fardas. O neófito que adentrasse nessa profissão, aprenderia, rapidamente, a diferença entre o que presenciava e o que era disponibilizado no dia seguinte nos noticiários da rádio e dos jornais.
Talvez por isso mesmo, na grade de produtos oferecida pelas grandes redes de comunicação aos leitores e ouvinte, o jornalismo ocupava um pequeno e pouco espaço. Muitas atrações e outras distrações eram inseridas na programação e mesmo nos espaços dos jornais para preencher lacunas. De fato, o público brasileiro, por sua formação cultural, débil e incompleta, pouco se interessava por notícias que tratassem de problemas econômicos ou políticos.
Muito mais interesse havia nos escândalos. Fofocas e um jornal especial para violência valiam mais a pena do que os assuntos relativos ao funcionamento da máquina do Estado. Vivíamos o que parecia ser uma lúcida alienação. O stress e o ambiente enlouquecedor ficava restrito às redações, principalmente nas horas que antecediam o fechamento das edições.
Carnaval e futebol ocupavam destaque. Para aliviar o ambiente em constante ebulição que existia apenas na fronteira entre o poder e a notícia, os repórteres corriam, no fim da noite, para os bares mais próximos, onde o álcool e as intrigas de bastidores corriam soltas. Era a chamada terceira redação, onde a notícia tinha seu prolongamento, talvez mais verdadeiro e direto. Representava também o prolongamento do aprendizado dos novos profissionais.
De fato, o alcoolismo, assim como as verdades oficiais, não era noticiado. Havia uma cumplicidade tácita. Havia, obviamente, uma ressaca do poder, representada tanto fisicamente como pelo esgotamento de um modelo de democracia que parecia longe de existir. Eram outros tempos, estranhos tempos, sem inocentes e sem culpados.
A frase que foi pronunciada
A frase que foi pronunciada
“ O dinheiro é a grande força hoje.
Os homens vendem suas almas por isso.
As mulheres vendem seus corpos por isso. Outros o adoram. O poder do dinheiro cresceu tanto que a questão de todas as questões é se a corporação governará
este país ou se o país governará
novamente as corporações.”
Joseph Pulitzer, jornalista e editor húngaro.
Sem planejamento
» Podem anotar. Tão logo comecem as aulas e a correria no trânsito, as obras das tesourinhas nas asas Norte e Sul voltarão a todo vapor. Enquanto todos estão de férias e as ruas vazias, não interessa colocar máquinas funcionando. O negócio é atrapalhar.
Convidada especial
» Com um lugar para o Brasil reservado no coração, a engenheira química Frances Arnold foi convidada para uma palestra na Embrapa. Ela é pioneira em métodos de evolução dirigida para criar sistemas biológicos úteis, incluindo enzimas, vias metabólicas, circuitos reguladores genéticos e organismos, o que lhe rendeu o prêmio Nobel de Química. Muito amiga do professor e físico José Goldemberg, ela morou no Brasil tempos atrás. Frances Arnold é fundadora da Provivi e quinta mulher a ganhar o prêmio Nobel de Química.
História de Brasília
História de Brasília
Os HP-3 mais bem localizados são os dos senhores Helvécio Bastos e Waldomiro Slaviero. Quando chove, as duas casas ficam cercadas por um belo lago vermelho, habitação ideal para mosquitos.
(Publicado em 14/12/1961)
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.