Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 31/01/2020 04:15
Legal e imoral

Em episódios cotidianos, como são os casos de recorrentes processos de licitação para a aquisição de gêneros alimentícios finíssimos, elaborados por muitas instituições e que incluem vinhos famosos, lagostas e outros acepipes requintados, se confirmam a dissintonia entre o brasileiro comum e as elites dirigentes do país. Exemplos desse comportamento atípico, que se configura mais um agrupamento familiar no poder do que um conjunto de profissionais e técnicos a serviço da nação, podem ser observados muito além do clássico nepotismo cruzado.

Historicamente e por razões delineadas no clássico Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, em 1936, nosso arcabouço institucional, desde sempre, foi montado de forma a colocar em primeiríssimo plano a figura do indivíduo e de seu entorno imediato, conferindo maior destaque e importância a eles, relegando a plano secundário a própria instituição. Dessa forma, nossas instituições e o conceito de República acabaram perdidos num pano de fundo, exercendo um papel de coadjuvantes.

Com uma estrutura assim, não surpreende que as seguidas crises políticas sejam motivadas, não por debilidade das instituições, mas por falhas provocadas pelos sujeitos que estão à frente dos órgãos de Estado. Nessa confusão secular entre o público e o privado, entram sentimentos que são identificados como capazes de transformar as altas autoridades do país numa imensa e unida família, à qual os contribuintes são obrigados a ceder boa parte do que produzem ao longo do ano.

Fatos dessa natureza são comuns em instituições que têm por lei a capacidade de organizar livremente o próprio orçamento. Nesses casos, as despesas são montadas não apenas com base nas necessidades do órgão, mas em consonância com os interesses, muita vezes pessoais, de cada um de seus membros. Mais preocupante ainda é quando essas distorções passam a adquirir um amplo manto legal, dispostos em regimentos e outros ordenamentos legais, de forma a assegurar que possíveis contestações encontrem, nas barreiras da lei, qualquer impedimento à perpetuação de regalias.

Fossem contabilizados os valores de todas as mordomias cabidas por lei a cada um dos membros desse seleto grupo, o teto máximo do salário público atual facilmente seria multiplicado por 10. Esse familiarismo estendido aos altos escalões do serviço público, e que perpassa praticamente todas as instituições de Estado e no qual as vontades particulares acabam sempre predominando sobre o coletivo, cria uma confusão propositada de interesses e necessita urgentemente de um fim, sob pena de permanecermos atrelados ao mesmo ciclo de pensamento.



A frase que não foi pronunciada

“As cicatrizes da história do Brasil deveriam servir para alguma coisa.”

Dona Dita, pensando enquanto vê alguns erros se repetindo



Noves fora

» Recebemos de um leitor a seguinte informação: “Na reforma da Previdência de 2019, os servidores aposentados com doenças graves, que não têm aumento de salário há cinco anos, ao receberem os contracheque de fevereiro ,viram e sentiram os percentuais de seus descontos para a Previdência aumentarem e seu salário diminuir”.

Perigo constante

» Em tempos de férias, a vigilância sanitária de cidades praianas estão em alerta. No Recife, por exemplo, há suspeitas de que um empresário tenha morrido infectado por ostras consumidas na praia de Boa Viagem. O principal cuidado deve ser com o armazenamento do produto, situação bastante deficiente averiguada pela investigação epidemiológica.

Defesa

» Senadora Leila Barros, pelo DF, destaca o Projeto de Lei nº 550, que foi pautado dezenas de vezes, mas ainda não foi votado na Câmara. O projeto altera a Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010, que dispõe sobre a Política Nacional de Segurança de Barragens, oferecendo à população proteção contra os desastres, como os que ocorreram em Mariana e Brumadinho.

Falta vigilância

» Ao longo da L2 Sul, muitas clínicas e hospitais obrigam os pacientes a estacionar em local sem proteção alguma. Quadrilhas quebram os vidros dos automóveis para furtar qualquer objeto que tenha sido deixado dentro do carro. A única possibilidade, depois disso, é registrar um Boletim de Ocorrência. Só.


História de Brasília

Em companhia do porteiro do hotel, os candangos aprisionaram o animalzinho, que teria vindo, provavelmente, da área onde se localizará, futuramente, o Jóquei Clube. (Publicado em 15/12/1961)


Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags