Todos os anos assistimos, com tristeza e indignação, às mortes e aos estragos que as chuvas causam em diversas cidades do país. Sabemos que o início do ano é marcado, quase sempre, por temporais intensos em diversos municípios. Não é preciso ser meteorologista ou vidente para saber. As mudanças climáticas que ocorrem em decorrência de diversos fatores apontados por especialistas, os quais não vamos tratar aqui, têm provocado reações cada vez mais fortes por parte da natureza.
O que é chocante, sem contar a perda de dezenas de vidas, milhares de desabrigados, desalojados e desaparecidos, é a postura sempre assistencial do poder público. É evidente que cabe às autoridades socorrer e “remediar” a situação de sobreviventes, dos atingidos, e recuperar o patrimônio público. Mas, é preciso mais. A mão do Estado deve chegar antes, deve impedir que tragédias, como o soterramento de famílias, não ocorram.
Nossos representantes, instalados em cargos públicos, que têm poder para decidir sobre ocupações, construções, crescimento ordenado das cidades, devem prevenir, evitar, planejar, agir com rigor para que os brasileiros não sofram tantas perdas. É bem verdade que temos uma população carente, sem teto, sem sequer perspectiva de obter a casa própria. É essa gente que ocupa, como única saída, encostas de morros, locais inadequados para a construção de enredos de moradias, estruturas inseguras até mesmo com bom tempo.
Cabe aos detentores do poder barrar essas ocupações desde o início, quando for fincada a primeira placa de madeirite, mostrar os riscos, proteger crianças, idosos e a população adulta, ao mesmo tempo em que busque educar e apresentar saídas, planos que possam ser seguidos por todos. Certamente será mais difícil que chegar com máquinas para limpar ruas e reparar asfalto, recolher a sujeira da lama e recolocar postes em pé. Porém, mais fácil que sepultar a nossa gente. Se for preciso, usar a força da lei para garantir a vida.
Temos legislação, estatutos que obrigam o Estado a proteger e garantir a vida de crianças, adolescentes e idosos. Que os cumpram. Não deixem que brotem barracos, que pessoas vivam apinhadas em locais inadequados à mercê das intempéries. Embora num primeiro momento pareça uma saída para a carência, essas construções poderão se transformar num enorme desastre.
Diversos governos conseguem, com apoio da sociedade organizada, iniciativa privada e, principalmente, usando corretamente os recursos públicos, esclarecer, educar e conseguir apoio da população para construir, desenvolver e multiplicar projetos de melhoria da vida de populações carentes. É urgente perseguir e seguir esses bons exemplos. Não vamos esperar as próximas tempestades para construir um caminho seguro de melhoria de vida dos nossos cidadãos.
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