Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 05/02/2020 04:25
Um mundo de faz de contas

Seria possível estender o mundo do faz de contas para a vida real? Em alguma medida é certamente o que fazemos no dia a dia, quando temos que nos adaptar às exigências do mundo externo, principalmente nas relações profissionais e no contado racional com a sociedade. Mas em se tratando de atores e atrizes que ganham a vida interpretando situações e personagens fictícios, transportar a máscara do teatro para o cotidiano seria quase como viver constantemente acorrentado à vida do imaginário.

Um ator, cujo  nome prefiro não declinar, certa vez afirmou que nos encontros que mantinha regularmente com profissionais de sua área, fosse em festas, fosse na rua, não conseguia distinguir nessas pessoas a fronteira entre o real e a ficção. Em sua avaliação todos pareciam fingir situações. Essa característica nos indivíduos ligados à arte da representação era tamanha e tão descarada que pareciam estar todos em cena. Com a máscara pregada ao rosto, todos pareciam estender seus personagens para a vida real. Mas o que seria, de fato, a vida real? Chegava a se interrogar. No fim da vida, chegou à conclusão de que ele era também um ator e, por conseguinte, um fingidor.

Esses fatos são mencionados a propósito da recente indicação da atriz Regina Duarte para a Secretaria Especial da Cultura. Como poucos em qualquer esfera social, sempre foi coerente com o que acredita. Enfrentou o nado contra a corrente para firmar e expor o que acreditava. Até então, as profundas divisões políticas no meio artístico só passaram a ser percebidas por todos com a saída, pela porta dos fundos, do Partido dos Trabalhadores do poder.

Depois de 2016, com a destituição de Dilma da Presidência, parte da classe artística nacional, que adotou a narrativa ficcional do golpe, veio, descaradamente, se opondo e se afastando cada vez mais da outra parcela de colegas que despertaram para o engodo do lulismo.

A partir daí um enredo dramático foi sendo criado e fez com que esses heróis nacionais da ficção passassem a se hostilizar mutuamente e de preferência diante do público. Não houve show ou peça de teatro que não fosse declarado, fora do script, posições políticas, quer partindo de incitações vindas do palco, quer da plateia. Firmou-se, assim, uma cisma e uma fenda geológica e profunda no seio artístico e que, possivelmente, jamais será reparada.

De certa forma, essa cisão é boa e ruim. Por um lado, esse acontecimento mostra ao grande público que uma parte dos artistas conseguem sair de cena e se inserir na vida real de modo natural. Por outro lado,  outra parcela desses profissionais insiste em se manter em cena e dentro do enredo e dos personagens que criaram para si mesmos ainda em 2002. Essa contribuição maléfica, legada por um misto de partido político e organização criminosa foi, por certo, a  maior herança deixada desses tempos de ficção.

Ao seguir a tática de dividir para governar, o lulismo, talvez o maior mambembe político que existiu, conseguiu o que pretendia: confundir realidade com ficção, atraindo para si até aqueles que todos acreditavam ser experts no mundo do faz de contas.


A frase que foi pronunciada

“Uma das mais cativantes ironias do pensamento moderno é o fato de que o método científico, do qual ingenuamente se esperou no passado que pudesse banir o mistério do mundo, deixa-o cada dia mais inexplicável.”

Carl Becker, historiador e filósofo norte americano 


Denúncia

» Leitor reclama dos falsos motoristas de Uber que abordam passageiros na plataforma superior do aeroporto. Um deles atendeu a uma senhora que chegava de voo internacional e desavisada, entrou no carro do falsário. Ao chegar a Águas Claras e pagar ao motorista, desceu do carro e ele arrancou em velocidade, levando todos os pertences da viajante.


Alea Jacta est

» Desde o tempo do ex-governador Rollemberg, Richard Jean Marie Dubois alimenta a ideia de que os empresários da cidade são brilhantes e que precisam de mais oportunidades de negócios. Daí o ânimo no encontro com o governador Ibaneis Rocha para finalizar o acordo de concessões para a administração do Estádio Mané Garrincha.


E-commerce

» Élie é uma sapataria masculina de Franca que enfrentou a entrada de sapatos chineses baratos, resistiu à concorrência e, hoje, tem um portal espetacular, de fácil acesso, superamigável para fazer compras no Brasil e pelo mundo. Veja no Blog do Ari Cunha a história curiosa de como nasceram as marcas famosas de relógios. O texto é da Élie.


Impressionante

» Acabou-se o manuseio de livros para muitos jovens. O nome do objeto que substitui uma biblioteca é Kindle. Até 1100 livros digitais podem ser baixados para leitura. Pelo zoom, as letras ficam do tamanho que o leitor quiser. O dicionário pode ser consultado durante a leitura, inclusive em outras línguas. Além disso é possível fazer anotações nas páginas. Há também a possibilidade de calcular o tempo de leitura. O tamanho é menor que a metade de uma folha A4. Vejam as imagens no Blog do Ari Cunha.



História de Brasília

Agora, as pessoas que participaram da mesma concorrência, informam que a firma vencedora não está cumprindo com as determinações do contrato, e apontam como infração o fato de o terreno não ter sido arado, não ter sido gradeado nem nivelado. (Publicado em 15/12/1961)

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