Opinião

Artigo: Desinformação e medo

Correio Braziliense
postado em 10/02/2020 04:04
Num mundo em que ficou cada vez mais difícil distinguir entre fake news e notícias reais, saber buscar a informação verdadeira pode fazer uma diferença crucial na vida das pessoas. Um exemplo disso é a quarentena a que os brasileiros trazidos da China terão de se submeter na base aérea das Forças Armadas em Anápolis (GO). Na cidade, a notícia assustou muita gente que teme a disseminação do novo coronavírus entre os moradores. Quem está bem informado, contudo, não se deixou alarmar.

“Alguns estão mal informados sobre o assunto ainda, mas não acredito que estejam preocupados. Essas pessoas que estão vindo para Anápolis não têm sequer os sintomas. Elas simplesmente estavam na China”, observou o comerciante Glauton Mariano, 47 anos, ao ser entrevistado pela repórter Ágatha Gonzaga, do Correio. Apesar da apreensão, a maioria dos ouvidos pela jornalista entendia a decisão do governo e apoiava a iniciativa. “Se estão trazendo para cá, é porque estão cientes de que tem uma estrutura segura para isso”, afirmou José Fernando Peixoto, 56, ex-caminhoneiro.

Há razão para temor? Sempre há. A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que a epidemia do novo coronavírus é uma emergência de saúde internacional. Além disso, os cidadãos resgatados na China estava em Wuhan, epicentro da epidemia mortal que se alastra pelo planeta. Mas ter a informação correta ajuda a evitar o pânico e a disseminação de medo infundado. Como bem observou Glauton, nenhum dos repatriados que ficarão em isolamento de 18 dias na instalação militar em Anápolis apresenta sintomas de infecção (febre, tosse, dificuldade para respirar). Essa foi uma pré-condição para que fossem trazidos de volta para o Brasil.

No mundo, até o fim de semana, já haviam sido reportados cerca de 40 mil casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. E o número de mortos se aproximava de mil (um nas Filipinas, um em Hong Kong, e os demais na China). O que se sabe, até agora, é que a principal forma de propagação se dá pelo ar — espirro, tosse, saliva — ou por contato com secreções de pessoas infectadas. No Brasil, não havia caso confirmado da doença até ontem. E o Ministério da Saúde monitorava oito pessoas com sintomas da doença (em outras 28, o risco de infecção já tinha sido descartado).

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