Correio Braziliense
postado em 11/02/2020 04:16
O sucesso da repatriação dos brasileiros da China tem nome. É planejamento. Tomada a decisão, equipe transversal, capitaneada pelo ministro da Saúde, fez o que é rotina no setor privado, mas raro no público. Traçou o passo a passo da operação — o antes, o durante e o depois. Em português claro: preveniu para não ter que remediar.
Ao mesmo tempo, manteve a população informada. Porta-vozes divulgavam diariamente o andamento das medidas e o quadro das pessoas monitoradas em razão da suspeita de terem contraído o novo coronavírus. O que se viu foi profissionalismo, técnica e serenidade. A transparência evitou o pânico e a disseminação de fake news.
O fato mereceu o aplauso da situação e da oposição. E jogou luz sobre crises que, em vez de exceção, tornaram-se regra na administração pública. Valem dois exemplos do estrago causado pela falta de planejamento — as tragédias do INSS e do Bolsa Família. Sem exagero, pode-se classificá-las de apagão anunciado.
“As consequências”, ensina o conselheiro Acácio, “vêm depois.” E vieram. No primeiro caso, o governo não calculou corretamente o impacto da aposentadoria de 7 mil servidores no atendimento, o que gerou a fila de 3,5 milhões de usuários que buscam os direitos que lhes são legalmente assegurados.
No segundo, faltaram ouvidos para os anúncios de reformulação. O Bolsa Família 2020, com a redução do orçamento, vem sofrendo agruras no funcionamento. Fila de espera de mais de 1 milhão de famílias atesta o despreparo ou o descaso dos administradores com o drama de adultos e crianças que dependem do auxílio para sobreviver.
O INSS e o Bolsa Família longe estão de constituírem ponto fora da curva. O serviço público nos Três Poderes é generoso em exemplos. Espera-se que aprenda a lição confortadora que a extradição dos brasileiros ensinou. É possível — com os recursos financeiros de que dispomos e o material humano com que contamos — oferecer serviços de qualidade para a população, que paga caro por eles.
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