Correio Braziliense
postado em 13/02/2020 04:05
Jardim do Éden
O brasileiro abandonou a cerimônia e o conceito em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF). É um fato incontestável que está nas ruas, nas mentes, nas bocas, em toda parte. Não aconteceu de graça ou de repente. A nossa Corte Maior vem abdicando de sua majestade há tempos, desde que começou a se dar o desfrute de engajamentos e comportamentos outros para além dos restritos à interpretação fria, coerente e consistente da Constituição. Embora os magistrados se considerem intocáveis, não são mais invioláveis no crivo da opinião pública. Basta sintonizar estações de rádio no dia seguinte a um julgamento polêmico no Supremo para ouvir, mesmo nos programas populares, críticas ou defesas apaixonadas da conduta dos magistrados. Nunca se viu nada igual. Havia um acanhamento em comentar os votos, hoje substituído por absoluto desembaraço no julgamento dos julgadores. Verdade seja dita, suas excelências é que abriram a temporada de contenciosos. Baixaram e continuam baixando a guarda. As benevolências nas sentenças são inúmeras e explícitas. Isso ocorreu, por exemplo, quando um juiz se aliou ao presidente do Senado para fazer um gol de mão no processo de impeachment de uma presidente da República. A dupla Ricardo Lewandowski-Renan Calheiros preservou os direitos políticos de Dilma Rousseff, que foi desmoralizada pelo eleitorado de Minas Gerais, que lhe negou o mandato de senadora. Afora, os locupletadores do erário, que estão cumprindo suas penas em mansões e coberturas, refrescados com champanhes francês. Nessa saraivada de tiros no pé, incluem-se as ironias e os insultos trocados entre seus pares com transmissão ao vivo, as mudanças de entendimento da Constituição sem justificativas a não ser uma circunstância política. O conjunto desses imbróglios e celeumas internos na Suprema Corte do país desperta no Congresso e no próprio STF uma preocupação com a imagem negativa, refletida em protestos públicos e na pressão para que andem os pedidos de impeachment (17 até agora) de ministros. O Jardim do Éden, precisa urgentemente ser pulverizado.
Renato Mendes Prestes, Águas Claras
Futebol
A cessão do Mané Garrincha e do complexo à iniciativa privada é muito bem-vinda e o espaço tem tudo para ser aproveitado para além do esporte. Entretanto, alguns pontos precisam ser repensados. A primeira coisa é com relação ao nome. Salvo naming rights, onde há uma empresa pagando para divulgar seu nome no estádio, não tem sentido o Mané Garrincha passar a se chamar Arena Brasília (ou Arena BSB). Isso distancia a população e o estádio, cujo nome há décadas está na boca do povo. Quanto à ideia da grama artificial no Mané, se não for para evitar gastos de manutenção, também não tem sentido, pois muitos clubes reclamam dos gramados sintéticos, o que geraria o risco de desestimular a venda de mandos de campo a Brasília. Com relação à partida da Supercopa, entre Flamengo e Athletico/PR, no próximo domingo, até agora mais críticas que elogios. O site do Futebol Card deixa a desejar. No ingresso on-line, há a marcação de lugares, embora tenham informado que não haverá lugares marcados (claro, futebol não é peça de teatro), ou seja, risco de confusão. Do preço, nem preciso me estender, certamente os valores entre R$ 200 e R$ 600 afastarão muita gente. Se o intuito do jogo às 11h, com show sertanejo (para mim, um desestímulo, mas respeito quem goste desse estilo musical), é atrair famílias, para além do torcedor comum, o alto preço põe em dúvida a eficácia da ideia — sem precisar entrar no mérito da lei da meia-entrada, onde se paga a metade do dobro. A Supercopa é uma excelente destinação para os estádios elefantes brancos construídos para a Copa de 2014, quando o ex-presidente Lula, em uma política populesca, convenceu a Fifa a aumentar o número de cidades-sedes. Contudo, se continuar assim, o tiro sairá pela tangente.
Ricardo Santoro, Lago Sul
Respeito
Nada mais desagradáveis do que você ver e ouvir um governador (distrital) chamar a autoridade suprema do país (presidente da República) de irresponsável. A baderna e a ingovernabilidade começam assim, com a falta de respeito com o presidente. Se ele é tratado com este vernáculo inapropriado pelo senhor governante do DF, o que podem pensar os demais brasileiros? Quando se fala da implementação do Colégio Militar, muitos são contra. Pelo menos, lá ainda deve haver a disciplina moral e cívica, o que muito faz falta neste mundo dos abutres e descontrolados que se ver a todos os momentos. Senhores dirigentes, vocês estão cavando as próprias sepulturas, mas ainda tem tempo para corrigir os erros que são muitos, mas, com dignidade, não com a falta de respeito com os outros, principalmente quando se trata do presidente da República do Brasil.
José Bonifácio, Cruzeiro
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