Opinião

Artigo: Lições do pré-carnaval

Correio Braziliense
postado em 14/02/2020 04:06
Bloco Quem Chupou Vai Chupar Mais foi palco de uma tragédia
E chegou o último fim de semana de pré-carnaval. De hoje até domingo, são pelos 12 blocos que vão sair pelas ruas do Plano Piloto e demais cidades do Distrito Federal. Desta vez, não há nada previsto para as cercanias do Museu da República, ao lado da Rodoviária do Plano Piloto, onde um rapaz de 18 anos morreu e dezenas de jovens ficaram feridos no último fim de semana, durante o bloco Quem Chupou Vai Chupar Mais, que reuniu cerca de 90 mil pessoas.

O que era para ser uma festa, no entanto, virou palco de uma tragédia anunciada. O bloco não tinha licença por ter sido reprovado em uma vistoria do Corpo de Bombeiros. Detalhe: a não concessão do alvará só foi anunciada quando o bloco estava nas ruas. E o resultado todo mundo já sabe, em meio à diversão de milhares de foliões, brigas e arrastões levaram muito medo a quem tentava curtir a festa.

Como pai de uma adolescente de 17 anos que estava no bloco, confesso que fiquei muito assustado com o que vi no local e com as gravações que circularam pelo WhatsApp nos dias seguintes. Os feridos ficaram concentrados entre a Biblioteca Nacional e a Rodoviária. Muitos estavam com as roupas rasgadas, com sangue escorrendo pelo corpo. Nada que  combine com o carnaval. À margem da calçada, os pais estacionaram os carros para pegar os filhos e tentavam entender o que estava ocorrendo.

Os vídeos que circularam pós-bloco são fortes. Cenas de sexo ao ar livre, em meio ao lusco-fusco; as brigas; o uso de armas brancas; a bebedeira descontrolada, tudo contribuiu para o clima de medo que tomou conta do local. O que ocorreu deve ficar de lição para os próximos eventos. Afinal, o carnaval é para ser um momento de alegria, de diversão, não de tristeza, com familiares em um velório.

Com a repercussão negativa do bloco Quem Chupou Vai Chupar Mais, o governo local mostrou rapidez e realizou mudanças na programação do carnaval. Cancelou atrações nacionais e desistiu de festejos na Esplanada para manter o clima de paz social. A folia ficará concentrada no espaço próximo à Funarte, ao lado da Torre de Televisão, porque o policiamento lá é mais efetivo. Há, no entanto, que ficar de olho nos blocos menores, que sairão em diversos pontos do DF nos dias de momo. Em tempo de comunicação rápida por meio de WhatsApp, é possível conseguir um grande público graças à troca de mensagens instantâneas. Todo cuidado é pouco.

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