Correio Braziliense
postado em 16/02/2020 04:05
Dizem que os povos têm marcas. Gravadas no DNA, elas se reproduzem de geração em geração. O francês poupa dinheiro. O alemão busca o rigor. O espanhol se excita com a morte. O colombiano crê que todos têm seu preço. O árabe reverencia o destino. O japonês fotografa.
E o brasileiro? O nascido neste país tropical adia. Deixa para amanhã o que pode fazer hoje. Se possível, para depois de amanhã. Ou para a próxima semana, próximo mês, próximo ano. Não por acaso, o calendário nacional celebra o Dia de São Nunca.
Exemplos de procrastinação não faltam. O mais recente é a reforma administrativa. Urgente para modernizar a política de recursos humanos do Estado, o envio ao Congresso do projeto do Executivo sofre constantes protelações. Desculpas não faltam.
Ora é o temor de repetição aqui das manifestações ocorridas no Chile. Ora é a repercussão das falas pouco diplomáticas do ministro da Economia. Ora o medo de perda de votos em ano eleitoral. A categoria, a mais organizada do país, resiste a mudanças que miram um universo de 600 mil servidores federais da ativa.
Desde a Constituição de 1988, parte desse contingente acumulou benefícios que oneram o Tesouro e não se traduzem em qualidade da burocracia. Além de ineficiente, a máquina do Estado é cara, seja comparada com nações de renda média como o Brasil, seja cotejada com países ricos onde vige o Estado de bem-estar social.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou na quinta que encaminhará para o Legislativo o projeto do governo esta semana. É importante que as palavras se transformem em ato. No texto, preveem-se alterações constitucionais, que exigem quórum especial de votação. Preveem-se, também, itens infraconstitucionais, mais fáceis e mais rápidos de serem concretizados.
Na oportunidade, o presidente reafirmou que as mudanças — entre as quais o combate a privilégios e o fim da estabilidade generalizada — só atingirão os novos servidores. As propostas, como o nome diz, são propostas. Tornar-se-ão realidade com os aperfeiçoamentos do Legislativo. O certo é que o Brasil tem pressa. Passou da hora de arregaçar as mangas e pôr mãos à obra.
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