Correio Braziliense
postado em 20/02/2020 04:06
“O homem põe e Deus dispõe”, diz o dito popular. Significa que projetos, por mais promissores que sejam, podem esbarrar em dificuldades alheias ao conteúdo que abrangem. Exemplos não faltam. O mais recente é o novo coronavírus. Embora tenha surgido e se concentrado no outro lado do mundo, contamina a economia dos cinco continentes.
Segunda economia do mundo, a China transita em mão dupla — importa muito e exporta muito. As linhas de montagem, que dependem de componentes produzidos na potência asiática, começam a sentir os efeitos do bloqueio na ponta. É o caso das indústrias automobilísticas e de produtos eletrônicos.
A gigante americana Apple anunciou recuo nos planos para 2020. O iPhone 11 vai ter a fabricação afetada e o lançamento do iPhone 9, previsto para março, será prejudicado. Estima-se queda de 10% na produção da empresa no primeiro trimestre. As brasileiras também sentiram o baque. A Motorola deu férias coletivas de 10 dias para cerca de 2,2 mil empregados. A Samsung anunciou “folga” de três dias para 2,5 mil profissionais.
Grande compradora de commodities, a China deve diminuir as importações em consequência do arrefecimento do PIB e redução do consumo interno. Maior parceiro comercial do Brasil, Pequim responde por 28% das nossas exportações. A venda de soja parece que não vai sofrer prejuízo este ano porque foi contratada antes da crise.
Espera-se que o ciclo do coronavírus seja curto e que o país retome o dinamismo econômico com rapidez. Mas faltam certezas. O FMI não descarta queda de 0,1 ou 0,2 ponto percentual no PIB mundial. No Brasil, a expectativa de crescimento da economia em 2020 caiu de 2,3% para 2,23%, segundo divulgado pelo Banco Central. Há um mês, a estimativa de alta era de 2,31%.
Os fatos aconselham pôr as barbas de molho. E agir. Impõe-se impedir que o país pare de novo. Executivo e Legislativo precisam dar-se as mãos para aprovar as reformas e devolver o clima de confiança ao Brasil, indispensável para atrair investimentos. Serenidade, negociação e trabalho são a ordem.
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