Correio Braziliense
postado em 20/02/2020 04:06
Os números preliminares de acidentes fatais e de mortes no trânsito no Distrito Federal em 2019 se mantiveram praticamente estáveis em relação a 2018. Por um lado, isso é positivo, uma vez que a frota e o número de condutores aumentaram de um ano para o outro. Mas, por outro, o resultado demonstra que as autoridades terão que se empenhar ainda mais para inscrever o DF na história entre as unidades da Federação que conseguiram cumprir a meta da década de reduzir à metade as mortes no trânsito em 10 anos.
Os números indicam que as ações precisam ter foco maior nos motociclistas, com ações voltadas exclusivamente para eles, mas também apontar a responsabilidade dos outros condutores com quem conduz moto. A convivência no trânsito entre as diferentes categorias nem sempre é amistosa, com acusações de ambas as partes, que só servem para abrir o abismo da ignorância e levar à morte. Vamos aos números.
Em 2019, 278 pessoas perderam a vida no trânsito do DF, uma a mais que em 2018. Entre as vítimas, o maior aumento de fatalidades ocorreu entre os motociclistas: 85 morreram ano passado, enquanto 61 faleceram em 2018 — aumento de 39,3%.
Reduzir as tragédias sobre duas rodas, especificamente, exige um esforço em várias frentes. Uma delas consiste em promover mudanças profundas nas normas para habilitar quem vai pilotar motos. O modelo vigente faz de conta que capacita os motociclistas e eles, por sua vez, fingem que estão prontos para enfrentar o trânsito. Não estão e o preço é pago com a própria vida ou lesões incapacitantes!
Outro caminho é promover campanhas de educação que realmente provoquem impacto tanto nos pilotos, quanto nos demais condutores. Qual é a parcela de responsabilidade de cada um no convívio diário? Não somos todos pais, mães, filhos, netos, amigos de alguém que anseia a nossa volta em segurança para casa no fim do dia? Não devemos todos zelar pela segurança de todos?
A fiscalização também exerce um papel importante na prevenção de acidentes e mortes — não só de motociclistas. Ela tira de circulação gente inabilitada, veículos sem condições de circular, condutores com históricos de infrações graves, como excesso de velocidade, uso de celular e alcoolemia ao volante, condutas que ampliam o risco de fatalidades.
Os esforços para a redução de acidentes têm resultados robustos quando as ações envolvem diferentes órgãos do governo — Detran, DER, PM, Educação, Saúde, entre outros —, a sociedade civil, a Justiça e o Ministério Público. Isso aconteceu uma vez em Brasília, há quase 23 anos, no lançamento da campanha Paz no Trânsito. Está na hora de outra mobilização como aquela para dar um basta à violência que permeia o ir e vir de todos os cidadãos da capital.
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