Artigo: Integração urbana, a bola da vez

Correio Braziliense

postado em 21/02/2020 04:16

Talvez seja a promessa de campanha mais antiga do Distrito Federal. Entra governo e sai governo, e lá está ela como uma das obras prioritárias para o desenvolvimento da capital federal. Falo da agora Avenida das Cidades, que já foi chamada de Interbairros e TransBrasília, um corredor viário de 26km de extensão que ligará Samambaia ao Plano Piloto, passando por Taguatinga, Águas Claras, Park Way e Guará. Se tudo der certo, começará a sair do papel em 2022 e deve ficar pronta em oito anos.

 

Quem circula pela EPNB, pela Estrutural e pela EPTG sabe que a Avenida das Cidades é importante para ajudar a desafogar o trânsito na região. Em horários de pico nas três vias, no entanto, o tráfego é infernal. Se tiver uma colisão entre veículos, aí esquece. Os gargalos aparecem e o motorista precisa ter uma paciência ainda maior. Veja o que ocorreu na manhã de quarta-feira. Uma pequena batida em frente ao Complexo da Polícia Civil provocou reflexos em toda a EPTG. O percurso de 4,5km entre a saída do Guará I e o Parque da Cidade levava 45 minutos para ser feito, em vez dos 15/20 habituais.

 

A rebatizada Avenida das Cidades já estava prevista no Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot) do DF de 1997. Ou seja, a obra passou pelos governos eleitos de Cristovam Buarque, Joaquim Roriz, José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz e não conseguiu ser concretizada. Agora, Ibaneis Rocha promete tocá-la. O primeiro passo será o aterramento das linhas de transmissão de energia de alta tensão. Findada esta etapa, tem-se início a construção das pistas.

 

Uma das principais críticas à Avenida das Cidades é de que ela seria paralela ao metrô em boa parte do percurso. Então, avaliam os críticos, seria melhor investir na ampliação do transporte público, com aumento de estações e utilização de trens maiores. Não vejo assim. Além de ajudar no escoamento do trânsito, o principal papel será interligar as regiões do Distrito Federal. Em vez de serem cidades independentes, com acessos próprios, o trecho Samambaia-Taguatinga-Águas Claras-Guará poderá ser integrado em uma grande avenida, como ocorre nas principais cidades do Brasil, em que uma pista principal interage com vários bairros.

Discutir a mobilidade urbana é uma das principais funções da sociedade civil nos tempos atuais. Brasília está prestes a completar 60 anos e devemos ter sempre em mente qual cidade queremos para as próximas décadas. Mãos à obra.