Opinião

Artigo: Luz na infância

A Polícia Federal, com colaboração da Polícia Civil, tem feito um trabalho admirável na caçada a predadores sexuais de crianças e adolescentes

Correio Braziliense
postado em 22/02/2020 12:27
A denúncia é uma arma poderosa no combate à barbárie. Pode ser feita em delegacias ou plataformas e canais específicosO nome da operação é alentador: Luz na Infância. E os resultados, mais ainda. A Polícia Federal, com colaboração da Polícia Civil, tem feito um trabalho admirável na caçada a predadores sexuais de crianças e adolescentes. Em seis fases da operação, de outubro de  2017 para cá, foram presas 640 pessoas em flagrante por exploração sexual de meninos e meninas e pornografia infantil, crimes dos mais sórdidos contra vulneráveis.

Os profissionais responsáveis por identificar esses monstros merecem todo o reconhecimento pela missão hercúlea. Localizar abusadores é ação das mais complicadas porque eles usam todo tipo de artimanha no subterrâneo da internet para não serem rastreados.

A tecnologia, com seus tantos avanços fantásticos em prol da humanidade, infelizmente, também turbina a propagação do nefasto material em escala global e incita mais perversidade. Em entrevista ao Correio no mês passado, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, contou que o Brasil é o maior produtor de pornografia infantil do planeta, com 17 mil sites “alimentando o mundo com pedofilia”. Ela também disse que esse mercado, forjado no martírio de crianças e adolescentes, é altamente lucrativo. “Tem muito dinheiro envolvido. (...) Tem crime organizado”, ressaltou.

A denúncia é uma arma poderosa no combate à barbárie. Pode ser feita em delegacias ou plataformas e canais específicos, como new.safernet.org.br/denuncie, Disque 100 e Proteja Brasil, com anonimato garantido. “As denúncias são muito importantes. O trabalho de investigação será sempre mais exitoso do que atuarmos apenas na fase repressiva”, defendeu Alesandro Barreto, coordenador do Laboratório de Operações Cibernéticas da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça.

É preciso ter em mente que cada foto, cada vídeo corresponde a uma criança ou adolescente violentado. Os abomináveis estupram meninas e meninos — inclusive bebês — filmam ou fotografam tudo e encaminham para outros seres abjetos. Os que recebem as imagens também costumam fornecer vídeos e fotos, feitos por eles ou repassados. Uma engrenagem atroz e ininterrupta.

A prevenção ao crime deve começar em casa. Pais ou responsáveis têm de ficar atentos a pessoas suspeitas que se aproximem de crianças ou adolescentes, inclusive, em ambiente digital. Há abusadores, porém, que vitimam meninos e meninas da própria família. Os algozes são pais, mães, irmãos, tios, avós, primos. Para chegar até eles, o caminho passa pela denúncia e pelo trabalho exaustivo e louvável de profissionais da segurança pública. É imprescindível, portanto, investir cada vez mais na capacitação específica deles, armá-los para caçarem predadores no mundo virtual e fazê-los pagar pelas crueldades no mundo real.

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