Correio Braziliense
postado em 25/02/2020 04:16
Todos nós acompanhamos os incêndios que devastaram a Austrália de setembro de 2019 a janeiro deste ano. As chamas mataram ao menos 24 pessoas, destruÃram 1.200 casas e causaram prejuÃzos econômicos estimados em R$ 12 bilhões %u2014 praticamente metade do orçamento do GDF para 2020, descontados os recursos provenientes do Fundo Constitucional. As labaredas que afetaram a costa leste e sul do paÃs fazem parte do ciclo climático australiano, mas este ano assumiram proporções extraordinárias.
Uma reportagem publicada este fim de semana pelo The NewYork Times revela que a tragédia ambiental na Austrália está longe de arrefecer. O fogo foi controlado, mas agora são as enchentes as responsáveis pela destruição de fazendas e residências próximas situadas em regiões lacustres. O fenômeno é denominado pelos cientistas de %u201Cextremos compostos%u201D, uma sequência de catástrofes climáticas %u2014 seca duradoura, incêndios devastadores, enxurradas torrenciais %u2014 que traduzem os sinais eloquentes enviados pela natureza àqueles que insistem em minimizar os efeitos da nossa %u201Ccivilização%u201D sobre o clima.
Uma questão central que se apresenta na realidade australiana é a expectativa de reconstrução das casas, e a própria sobrevivência dos moradores %u2014 nas regiões destruÃdas. Temerosos da ocorrência de novos desastres, australianos se queixam da suposta inépcia do governo em auxiliá-los ante o inimigo. Enquanto os cientistas reforçam o alerta emitido há anos sobre a ameaça dos extremos climáticos, a Austrália permanece com o desafio de reduzir a alta emissão de gases poluentes, em parte causada pela poderosa indústria de carvão instalada no paÃs.
O drama australiano remete à s enchentes que há algumas semanas deixaram em colapso São Paulo e Belo Horizonte. As duas metrópoles brasileiras mostraram-se absolutamente despreparadas para lidar com a natureza no século 21. Em um paÃs onde o Greenpeace é chamado de %u201Clixo%u201D, está claro que ficaremos impotentes ante os extremos tais como os que ocorrem do outro lado do mundo.
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