Opinião

Politicagem e criminalidade regem os desfiles

Correio Braziliense
postado em 26/02/2020 04:05

Neste carnaval, para a surpresa de muitos, estranhos e sintomáticos fenômenos resolveram colocar a cara de fora, nos desfiles que tomaram conta das principais passarelas do país. Trata-se da excessiva temática político-partidária presente nos enredos, alegorias e músicas apresentadas por muitas escolas de samba, país afora, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.

No quesito escolas de samba, é sabido que o que é normalmente chamado de festa popular é na verdade um grande espetáculo montado e comandado, no caso das grandes agremiações, por poderosos e notórios bicheiros e traficantes de diversas regiões, que comandam com mão de ferro todo o trabalho e a produção dos foliões e integrantes dessas escolas, ficando, obviamente, com os lucros e outras "trambicagens" da festa do Momo.

São esses personagens que, mesmo apresentando uma ficha corrida digna de grandes mafiosos americanos que, escondidos nos bastidores, ditam o que vai ser mostrado ao público e de que forma. São deles as críticas à ação das polícias no combate ao crime organizado. São eles os que decidem, espertamente, colocar um boneco representando o ministro da Justiça, Sergio Moro, vestido com uniforme listrado de prisioneiro dentro de uma gaiola. Eles arbitram o tema do samba-enredo a ser cantado na avenida, com críticas à ação saneadora de parte da Justiça, colocando a marginalidade criminosa como vítima e os cidadãos de bem como algozes.

Num país surreal, a bandidagem abre espaço no carnaval para dar lição de moral aos brasileiros, sob os aplausos de todos aqueles que comungam com as bandalheiras seculares. Infelizmente a politização da festa de Momo, no mau sentido da expressão, tomou conta também do carnaval, servindo como propaganda de criminosos organizados e das milícias que infelicitam o país.

Fizeram muito bem diversos prefeitos, pelo país afora, em suspender o desperdício de dinheiro nesses festejos, revertendo-os para hospitais, escolas e outras melhorias mais úteis à população. Curiosamente, não se viu em escola de samba enredos saudando as boas ações,como as dos bombeiros de Brumadinho, a da professora que salvou alunos de incêndio ou outras manifestações de pura cidadania.

Talvez essa ausência propositada em citar brasileiros que diariamente praticam o bem não renda sucesso de público ou simplesmente não esteja na agenda daqueles que comandam essas escolas de samba. O mais danoso em manifestações como essa é que, cedo ou tarde, o público vai perceber que os horrores que correm nos bastidores das escolas, que há muito já fizeram do carnaval uma festa de alegria e de inocência, perderam seu sentido real, se transformando naquilo que é hoje: uma festa midiática, erotizada e de interesse de pequenos grupos com débitos na justiça.

O carnaval de outrora  há muito completou seu desfile na passarela, dobrou a esquina do tempo, deixando apenas saudades e perfume no ar.

 

A frase que não foi pronunciada

"A vida mostrará máscaras que valem todos os seus carnavais."
Ralph Waldo Emerson, escritor, filósofo e poeta nascido em Massachusetts.

 

Transparência
Decanato de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional da UnB apresenta o anuário estatístico da instituição. Trata-se de uma ferramenta importante na adoção de políticas acadêmicas, além de a comunidade em geral poder acompanhar as atividades desenvolvidas ano a ano. Mais informações no Blog do Ari Cunha.


Novidade
Novo livro recém-lançado pela Embrapa é assinado por Raimundo Nonato Brabo Alves, Moisés de Souza Modesto Júnior: Roça sem Fogo.Trata-se de uma mudança na cultura pela troca de experiências entre agricultores e pesquisadores colocadas em prática por vários plantadores locais.


Coerência
Não se vende nem se compra um parque, ele é parte da alma de uma comunidade. Como diz a Lei Complementar 961/2019, recentemente sancionada pelo Governador do Distrito Federal, em seu artigo 10, "as administrações regionais devem estimular a participação da comunidade na implantação e gestão dos parques urbanos", diz o texto de Renato Botaro e toda a Associação de Moradores.

 

História de Brasília

Aliás, os maiores culpados são os ocupantes desses carros, que deviam dar instruções a seus motoristas para que não desobedeçam ao regulamento. (Publicado em 16/12/1961)

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