Opinião

O avanço das cidades inteligentes

Correio Braziliense
postado em 26/02/2020 04:05
Elemento-chave para o desenvolvimento das cidades inteligentes, a transformação digital tem como conceito básico o uso das novas tecnologias em prol do melhor desempenho. Trata-se de mudança estrutural no mindset e no modus operandi das instituições para criar soluções mediante o uso de plataformas e aplicações, sendo a inovação premissa para sanar os problemas urbanos %u2013 que não são poucos %u2013 trazendo eficiência na gestão administrativa e melhoria na qualidade de vida dos cidadãos. Transporte, saúde, segurança, educação. São muitos os desafios das grandes metrópoles. Gestões orientadas por esse modelo são encontradas em cidades brasileiras com a transformação digital se materializando na implantação de soluções em setores fundamentais para a sociedade. Apesar de ainda incipiente, o Brasil vem avançando no uso dessas tecnologias para as cidades, especialmente para soluções de segurança pública, mobilidade urbana e serviços públicos. E, como a grande maioria dos moradores são digitais, a tendência segue para que cada vez mais o modelo de cidade inteligente se desenvolva de fato no país. Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Brasília possuem iniciativas públicas e privadas, tecnológicas e urbanas que estão no caminho de mudança para uma cidade melhor, automatizada, mais interativa, dinâmica e sustentável. Numa cidade inteligente, os processamentos das informações coletadas dos sensores, dos dispositivos de IoT (internet das coisas) e da própria interação com os habitantes permitem antecipar, mitigar e prever problemas para as cidades e os habitantes. Por exemplo: alertas meteorológicos e situações de emergência pública, identificação de vazamentos, prevenção na queda de fornecimento de energia, água, comunicações. A transformação digital permite alavancar novas formas de convívio dos cidadãos com as cidades, não só através das redes sociais, como também através da utilização de aplicativos que se diversificam rapidamente e ampliam a automação, viabilizando novos serviços inteligentes, como o uso da realidade aumentada para facilitar o encontro de pontos de interesse público, o mapeamento do trânsito em tempo real, com alertas de acidentes, melhores rotas, além de ferramentas de saúde para o cidadão com a localização e acionamentos para atendimentos emergenciais, agendamento on-line, prontuário eletrônico, coleta e envio de dados vitais para o atendimento remoto. Como tecnologia base dessa jornada, a computação em nuvem permite o acesso remoto e o armazenamento ilimitado de informações e aplicações em várias modalidades, essenciais para o avanço das cidades inteligentes. A chegada do 5G, que vai permitir um salto no uso massivo das coisas conectadas, trará impactos significativos para as cidades inteligentes. A internet das coisas estará cada vez mais presente no cotidiano, tanto nas cidades quanto no campo, no trabalho ou em casa e até mesmo no corpo dos indivíduos. Segundo a consultoria Gartner, por volta de 2025, o número de objetos conectados no planeta pode superar R$ 100 bilhões. Na área de segurança pública, o uso da solução de videomonitoramento com analytics para fins de reconhecimento facial é adotado pelas polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, como na final da Copa América de 2019, que recebeu quase 70 mil pessoas no Maracanã, e no último carnaval de rua do Rio, com a identificação de criminosos detectados em meio à multidão. Na educação, plataformas de colaboração como salas virtuais e de videoconferência são cada vez mais utilizadas no ensino superior a distância, que no Brasil ultrapassou em número de vagas o ensino superior presencial pela primeira vez em 2018. Na saúde, o uso do big data e da inteligência artificial ajuda a rastrear epidemias ao redor do mundo, como a propagação do coronavírus, alertada por uma startup canadense antes do pronunciamento oficial da Organização Mundial da Saúde. Enfim, são diversos casos reais que já mostram a evolução e a importância dos investimentos em novas tecnologias nos órgãos públicos. Diante das tecnologias exponenciais citadas (e tantas outras não mencionadas ou que estão por vir) versus os problemas que precisam ser solucionados para a conversão de novas cidades em modelos inteligentes, vale refletir sobre as formas como pensamos e agimos. E aqui me refiro à gestão pública e privada e à sociedade como um todo, já que são muitos os desafios. Independentemente da esfera de atuação, a transformação digital para as cidades inteligentes passa por esse exercício. %u201CA maior ambição do inovador é que sua inovação se torne tradicional%u201D, disse Carlos Drummond de Andrade. Que esse seja o nosso desejo então.

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