Opinião

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Correio Braziliense
postado em 01/03/2020 04:13
Elza Soares

Palmas para Viradouro, entretanto, não seria nenhuma injustiça se o título do carnaval carioca em 2020 tivesse ficado em outras mãos. “Com as armas de uma canção/A gente tem que acordar/Da ‘lama’ nasce o amor/Quebrar as ‘agulhas’ que vestem a dor/Brasil, enfrenta o mal que te consome/Que os filhos do Planeta Fome/Não percam a esperança em seu cantar”. Eis um trechinho do fabuloso samba-enredo Elza Deusa Soares, homenagem feita pela Mocidade Independente de Padre Miguel à cantora e intérprete carioca, responsável direta pela construção progressista das representações do feminino nos séculos 20 e 21, sobretudo, no que se refere à vida das mulheres negras no Brasil. “Mil nações/Moldaram minha cara/Minha voz/Uso pra dizer o que se cala/Ser feliz no vão, no triste, é força que me embala/O meu país/É meu lugar de fala”,  canta Elza Soares, em Deus é mulher (2018). Só mesmo ouvindo e reouvindo Elza Soares para que o Brasil atinja uma educação sensível, autônoma e, portanto, livre de qualquer tipo de colonialismo mental. O país não pode mais ter medo de olhar para si mesmo. Precisa se encarar no espelho, ficando tête-à-tête com os seus vícios e suas virtudes. Precisamos de uma expansão cognitiva que provoque a imaginação do nosso povo a construir os nossos próprios modelos de crescimento e desenvolvimento. Pagamos caro por uma crise crônica, fruto de um socialismo mal compreendido e um capitalismo bem predatório. Para piorar, ainda sofremos de dupla escravidão: física e moral. Triunfando sobre o racismo, o machismo, o sexismo e a misoginia, Elza, desde cedo, nos ofereceu lições corajosas. Logo, no início de carreira, enfrentou destemidamente a língua afiada de Ary Barroso (1903-1964), em programa de calouros: “De que planeta você veio, minha filha?”. “Eu vim do planeta fome”, retrucou Elza Soares. A exemplo da notável artista, uma só pessoa que pensa por si e fala por muitos, dizendo o que sente e não o que se espera que diga, é um governo e uma revolução.
» Marcos Fabrício Lopes da Silva,
Asa Norte.


Preocupação

Estranho e sumamente preocupante o presidente da República tomar partido, apoiando e incentivando manifestação popular contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), colocando em cheque a estabilidade das instituições nacionais. Sem necessidade de generalizar, existem, deputados e senadores que só pensam naquilo (o dinheiro), pressionando o Executivo a fazer concessões, na base do dar e receber, mediante camufladas propinas, ainda que, legalmente, amparadas, moralmente condenáveis, em troca do voto a favor de propostas do Executivo. De outra feita, existem ministros do STF que, constituindo-se esdrúxulos advogados de criminosos, merecem reprovação. Tais situações ensejam, sim, contestação popular, a ser convocada por legítimas lideranças, sem envolver o chefe do Executivo, a quem cabe governar com independência, condimentada pela harmonia com os demais poderes republicanos, para não se ver, também, vítima da reprovação popular.
» Elizio Nilo Caliman,
Lago Norte


Imprensa

A repórter Vera Magalhães, do jornal O Estado de S. Paulo” é a nova vítima da torpeza, irresponsabilidade e truculência verbal de Bolsonaro. O presidente insiste em contrariar fatos com declarações caluniosas e ameaças descabidas. É inacreditável a arrogância de quem jurou servir a Constituição. Ofensas a Vera Magalhães aumentam a vigilância contra desmandos, missão que jamais será atropelada nem coagida com arroubos dos donos do poder. O jornalismo profissional não fraqueja nem dobra a espinha diante de patéticos destemperos e sandices de eventuais poderosos. O presidente pode vociferar à vontade. Não tem o poder de calar nem de monitorar jornalistas. Pobre democracia, onde um chefe de Estado perde a postura e a compostura diariamente.
» Vicente Limongi Netto,
Lago Norte


Lula

É um tremendo deboche. O Supremo possibilitou tal situação. O ex-presidente Lula zombando dos brasileiros. Um indivíduo todo enrolado com a Justiça e  condenado em segunda instância, apontado por procuradores da República como o mentor e coordenador do maior esquema de corrupção, que se tem notícia no país. Depois de tudo isso, ter o privilégio de andar por aí, aqui e no exterior, leve e solto, sabe-se com quais intenções. E, claro, sendo o Lula, não podia ser diferente. Devidamente acompanhado por assessores com despesas pagas pelos contribuintes do país. Não é um acinte?  Não é afrontar o cidadão brasileiro? Não basta tudo o que ele os seus comparsas aprontaram?
» Vilmar Oliva de Salles,
Taguatinga



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