Opinião

Em busca de outra realidade

Correio Braziliense
postado em 03/03/2020 04:07
Entra e sai ano, e uma discussão é certa: a divisão entre os que amam e os que odeiam Big Brother Brasil. Após uma edição com baixa audiência no ano passado, a atração voltou a ser protagonista na 20ª temporada. Logo nas quatro primeiras semanas de exibição, o BBB fez aumentar o consumo semanal do Globoplay, serviço on-demand da Globo, um crescimento de 210% se comparado com a audiência do BBB19 na mesma plataforma.

Mas o que tem feito tanta gente voltar a assistir ao programa? Há vários motivos. Alguns ligados à atração, como o fato de ter um elenco disposto a jogar e gerar conteúdo, as novidades no formato e as discussões que o programa tem levantado, principalmente sobre machismo. Mas não é apenas o BBB que ganha a cada dia mais espectadores. Nos últimos dias, dois realities novatos da Netflix viraram sensação.

O primeiro é The circle, a atração norte-americana — que terá uma versão brasileira a partir do dia 11 — tem um formato inovador para o gênero ao propor uma interação entre os participantes ao modo de uma rede social: apenas por chat e pelo compartilhamento de fotos e vídeos. Lá, cada concorrente pode ser quem quiser, mostrando que não há verdades absolutas. A produção debate ainda o mal causado pelos padrões estéticos e sociais impostos pela sociedade que são refletidos nesse tipo de mídia.

O outro programa em destaque é Casamento às cegas, que está no top 10 dos Estados Unidos e do mundo, tem cada dia mais admiradores. O reality tem como proposta juntar casais com base apenas em conversas e interesses em comum, deixando de lado a questão física. Para isso, só encontros às cegas. Uma contraproposta a aplicativos de namoro, nos quais o visual acaba sendo um fator importante.

No entanto, só as inovações dos realities, tanto nos mais recentes quanto no medalhão BBB, não parecem ser as únicas razões para que esses programas tenham voltado ao centro das atenções. Num momento em que o noticiário está mais pesado na política, na economia e até na saúde com a disseminação do coronavírus pelo mundo, muita gente busca uma forma de escapar do mundo real exatamente entrando de cabeça nessa outra realidade.

Se a rotina pesar, escape também, fazendo uma das coisas que o ser humano adora, como explicou Claudio Ferreira, autor do livro A dinâmica dos reality-shows na televisão aberta brasileira: “A gente tem essa coisa do voyeurismo, é natural do ser humano  gostar de observar o outro”.

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