Opinião

O futuro da educação superior

Correio Braziliense
postado em 11/03/2020 04:06
A inovação disruptiva pode ser conceituada como um progresso que viabiliza a melhoria de produtos e serviços, muitas vezes aumentando a acessibilidade a eles, influenciando diretamente na mudança do mercado. A educação não escapou dos efeitos da evolução tecnológica. Desse modo, inovação disruptiva na tecnologia está causando um impacto positivo na educação, de forma que as pessoas estão tendo mais acesso, de maneira mais fácil ao aprendizado. A criação de áreas virtuais tem possibilitado a formação, a colaboração e o conhecimento compartilhado.

Nesse cenário, a educação mediada por tecnologia despontou como o carro-chefe das transformações que vêm ocorrendo. Tendo em vista que a educação a distância é algo consolidado, há que se estar atento para a integração cada vez maior entre esta modalidade de ensino e as tecnologias que surgem a cada dia. No anseio pela melhora da qualidade de vida, é uma forma atraente de ensino, porquanto proporciona ambientes flexíveis e personalizados para professores e alunos, ferramentas inteligentes para ensino e aprendizado, bem como possível redução de custos. A educação a distância no Brasil é, além disso, uma potencial solução para atingir as regiões mais remotas, formar pessoas e atualizar professores, em todos os níveis.

As plataformas digitais de estudo, por exemplo, já possuem milhões de estudantes pelo mundo, oferecendo milhares de cursos em vídeo, gratuitamente, ou por valores acessíveis. Um exemplo de plataforma digital que disponibiliza cursos em diferentes áreas do saber é o MOOC — Massive Open Online Course — que é uma extensão do edX.org. O edX.org é uma plataforma global de educação e aprendizado sem fins lucrativos, fundada pela parceria Harvard e MIT. Pode-se dizer que característica importante do MOOC é a sua escalabilidade, visto que mais pessoas têm acesso à educação, transpondo barreiras de custo, localização e acesso de forma gratuita.

Outra grande transformação que precisa ser enfrentada pelos educadores é o fato de que o modelo atual de educação, focado apenas no desenvolvimento de habilidades técnicas, ou nas hard skills, está em declínio. Atualmente, o mercado requer mais do que competências técnicas, abrindo espaço para as soft skills. As soft skills são as habilidades relacionadas ao comportamento e à personalidade, considerando aptidões mentais, emocionais e sociais, como o indivíduo se relaciona e interage com as pessoas. Como exemplos de soft skills podemos citar habilidades essencialmente humanas, tais como valorização das interações sociais, resiliência, empatia, colaboração, comunicação, tolerância e criatividade.

Embora não haja consenso sobre o futuro da educação superior, é possível vislumbrar alguns contornos. À vista desse contexto de revoluções, o diploma, por si só, tende à obsolescência. O conhecimento e a vivência atrelados ao certificado serão mais valiosos do que o próprio título. As instituições de ensino deverão aprimorar cada vez mais o aperfeiçoamento de competências e habilidades que se adaptem à nova realidade, mais do que focar apenas nos conceitos técnicos.

Com uma educação mediada por tecnologia, os gestores dessas instituições precisarão fazer investimentos crescentes para acompanhar o ritmo da inovação. O MEC tem papel crucial nesse contexto, orientando as instituições de ensino superior na construção de suas próprias plataformas de educação a distância e estimular a produção de conteúdo de boa qualidade. Para o êxito dessas formas de ensino, também é essencial o desenvolvimento dos processos de avaliação (presenciais e não presenciais) e certificação eficientes de graduandos nessa modalidade, de forma a assegurar qualidade aos cursos superiores de formação profissional.

A transformação da sociedade e revolução tecnológica, portanto, deverão melhorar o modo de vida das pessoas, fazendo com que elas se dediquem mais para desenvolver-se pessoalmente, e não apenas profissionalmente. Dessa forma, os educadores deverão estar atentos a essas mudanças, inovando e adaptando seus modelos educacionais para esse novo tempo.

Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.






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