Correio Braziliense
postado em 12/03/2020 04:07
Há quase 11 anos, em 28 de junho de 2009, morria no Brasil a primeira vítima de uma pandemia. O nome? H1N1, ou gripe suína. Naquele dia, o Brasil registrava 627 casos da doença e o Distrito Federal, 26. O aumento de casos por aqui se deu especialmente após o feriado de Corpus Christi. Agora, uma nova pandemia coloca o mundo em alerta: a Covid-19 ou coronavírus.
Olhando de longe, a reação do governo Chinês de erguer um hospital em apenas 10 dias para atender as primeiras vítimas foi impressionante. Impossível não fazer um paralelo sobre como seria no Brasil, caso o país venha a enfrentar uma contaminação em massa, como ocorreu no país asiático.
No Distrito Federal, o caso do casal com infecção por coronavírus é emblemático. Ele fez um teste na rede privada e o resultado foi positivo para a Covid-19. Quantas pessoas tiveram contato com eles nesse período? E essas pessoas, com quantas outras?
No Brasil e no DF, todos sabemos, o Sistema Único de Saúde recebe ataques de todos os lados, não é de hoje. Sobrevive aos trancos e barrancos à pressão de interesses dos que querem desmontá-lo. Sobrevive também à má gestão, às falcatruas de políticos que desviam recursos destinados ao tratamento de quem não tem plano de saúde e muito menos dinheiro para recorrer à iniciativa privada. Não raro, faltam seringa, garrote, esparadrapo para curativos. Também não é raro o cidadão ter de recorrer à Justiça para conseguir um leito de UTI. E, às vezes, nem assim resolve. O doente morre à míngua e fica por isso mesmo.
A pergunta que devemos fazer é: estamos preparados para conter o avanço do coronavírus no país e no DF? Temos profissionais preparados, unidades de saúde equipadas, recursos para fazer os testes dos pacientes com suspeita da infecção, leitos de UTI para os casos graves — caso ocorram? Temos um plano de contingência para um caso de surto ou epidemia? Num país onde centenas morrem com dengue, e o presidente minimiza o problema fica difícil confiar.
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