Adriana Izel
postado em 17/03/2020 04:17

;Embora o movimento tenha decolado em 2017 com a hashtag #MeToo, ele definitivamente manteve seu ímpeto e começou a espalhar suas asas linguísticas para além da hashtag e do nome do movimento, respondendo a uma necessidade óbvia no discurso que cerca essa convulsão social;, explicou, em comunicado, o Dicionário Macquarie.
No dicionário, a palavra cancelar quer dizer ;eliminar ou riscar para tornar sem efeito;. É exatamente isso que a cultura do cancelamento da web propõe. Basta que uma pessoa pública ou não ; apesar de que os famosos acabam sendo as principais ;vítimas; ; faça algo errado para que as propostas de ;cancelamento; comecem a surgir. No Brasil nomes como do humorista e influencer Carlinhos Maia, do funkeiro MC Gui, da cantora Anitta e do cantor Nego do Borel já figuraram entre os cancelados. Bullying, preconceito, homofobia e transfobia foram os motivos que os levaram ao boicote do público.
Como tudo na vida, a cultura do cancelamento tem bônus e ônus. Como ponto positivo, percebo a indignação das pessoas em relação a situações que antes passavam despercebidas, como casos de preconceito, machismo e racismo, além dos citados acima. No entanto, o ponto negativo desse ;movimento; está na ;anulação; por completo. Não há uma conversa, não há uma busca por se colocar no lugar do outro.
É claro que há atitudes que são deploráveis e até criminosas. E, para usar outro termo da internet, não é preciso ;passar pano; acobertando erros. Mas a decisão de cancelar alguém, muitas vezes, pode ser drástica demais. É como se tivéssemos o poder de eliminar, ao melhor estilo do que ocorre em realities shows ; onde isso, de fato, é uma brincadeira, parte de uma dinâmica de jogo ; sem direito a resposta ou retratação.