Opinião

Artigo: Só a informação salva

Quem sabe, agora, que o futebol e as novelas também foram cancelados, fique mais claro para parcela da população que não se deve brincar com saúde pública

Correio Braziliense
postado em 18/03/2020 12:34
Quem sabe, agora, que o futebol e as novelas também foram cancelados, fique mais claro para parcela da população que não se deve brincar com saúde públicaNa semana passada, escrevi um artigo intitulado “Vírus do pânico”, no qual alertava para uma dúvida que, infelizmente, permanece: como os brasileiros informais pararão de trabalhar para fazer quarentena se é a labuta diária que coloca comida na mesa? No entanto, assim como o coronavírus, os motivos de preocupação se multiplicaram rapidamente nos sete dias que separam aquele deste artigo. O pânico levou à paralisação global.

Sobrevivemos aos vírus influenza, durante as gripes aviária e suína. Também conseguimos superar o próprio coronavírus, nas epidemias das síndromes respiratória aguda grave (Sars) e do Oriente Médio (Mers). Nunca antes, contudo, sucumbimos tanto quanto diante do novo coronavírus, Covid-19. Um apagão inédito e assustador tomou conta do mundo.

Fronteiras foram fechadas e turistas brasileiros estão presos no exterior, sem ter como voltar para casa. As companhias aéreas estão à beira do colapso, com a queda vertiginosa na demanda por viagens. O setor de serviços encolhe a olhos vistos. Entretenimento e negócios ficaram a ver navios, pois quase todos os grandes eventos marcados para março e abril foram cancelados. Com isso, o fluxo nos hotéis, nos restaurantes e no setor de transportes minguou.

A frágil economia brasileira nem saiu do atoleiro e vai voltar à recessão. Desta vez, na companhia de países muito mais bem preparados para isso. Quem pode está trabalhando remotamente de casa, o que torna as ruas estranhamente calmas. Supermercados e farmácias são um oásis com movimento de consumidores. Mas engana-se quem acha que encontrará álcool em gel ou máscaras facilmente. O caos chegou aos hospitais, os chamados aos bombeiros dispararam.

Pela primeira vez, os seres humanos se uniram com um objetivo comum: o de se afastarem. No Brasil dos alienados, entretanto, domingo foi dia de aglomeração, de pegar na mão e de se abraçar. Quem sabe, agora, que o futebol e as novelas também foram cancelados, fique mais claro para parcela da população que não se deve brincar com saúde pública. A “fantasia da mídia” revelou que o jornalismo segue no front. Hoje, mais do nunca, só a informação salva.

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