Correio Braziliense
postado em 21/03/2020 04:33
Na pandemia de coronavírus, crianças e jovens estão fora do grupo de risco — apesar de um diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) ter jogado no ar que há mortes nessas faixas etárias, mas não tenha detalhado as circunstâncias nem apresentado números. De qualquer forma, para eles valem as orientações gerais de prevenção à Covid-19, já que não estão livres de contrair a doença, embora em sua forma mais leve.
Se são menos sensíveis ao novo coronavírus, crianças e jovens têm pela frente uma outra ameaça: a fome.
No Brasil, por exemplo, o drama já se impunha mesmo antes da pandemia. No relatório anual sobre o problema no mundo, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) mostrou, em julho do ano passado, que aproximadamente cinco milhões de pessoas estavam desnutridas no país. Os dados da entidade foram fechados em 2018, ou seja, o quadro certamente se agravou desde então. De acordo com a FAO, o Brasil é um dos países em que a crise econômica impactou o combate ao flagelo. Agora, com a Covid-19, a penúria vai se exacerbar.
Uma das primeiras medidas dos governos estaduais e do DF para tentar conter a proliferação do vírus foi suspender as aulas. É na escola, porém, que muitas crianças em situação de severa pobreza conseguem a única refeição mais robusta do dia — por isso, as férias escolares são um pesadelo recorrente para pais ou responsáveis. Felizmente, de olho nessa situação, colégios públicos e creches pelo país mantiveram a entrega das merendas.
Mas com as medidas de combate ao coronavírus, a atividade econômica está sendo drasticamente reduzida. Imagine quantos pais e mães podem perder os empregos, num país que tem quase 12 milhões de pessoas sem trabalho? Os que já estavam na informalidade ficaram sem a minguada renda. Viverão de quê? Como alimentarão a família?
O governo tem anunciado uma série de medidas na tentativa de atenuar os impactos econômicos para as camadas mais vulneráveis, entre as quais um auxílio mensal de R$ 200 a ser pago aos trabalhadores informais. Obviamente, um valor insuficiente, ainda mais para famílias com muitos filhos. Fato é que não existe, ao menos até agora, nenhuma garantia de segurança, especialmente alimentar, para a população de mais baixa renda. A situação ganha, portanto, contornos extremamente dramáticos, até porque, ninguém sabe quando terminará a calamidade do coronavírus.
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