Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 29/03/2020 04:05

Uma dura lição
Das muitas lições que serão deixadas pelo isolamento social compulsório a milhões de brasileiros, por conta da pandemia da Covid-19, nenhuma outra será mais importante do que a certeza de que o fenômeno da corrupção tem seus efeitos nefastos prolongados por tempo indefinido, atingindo, indiscriminadamente, gerações e gerações. Ainda mais quando esse fenômeno atinge patamares de uma endemia, como tem sido no nosso caso. Por mais defeitos que tenha o presidente Bolsonaro, ainda há o mérito de lutar incessantemente contra o vírus da corrupção. Esse, sim sempre foi nefasto ao país, mantendo a fome, ignorância e paternalismo.


Vale recordar a fala recente do ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal, quando afirmou: “É um equívoco supor que a corrupção não seja um crime violento. Corrupção mata. Mata na fila do SUS, na falta de leitos, na falta de medicamentos. Mata nas estradas que não têm manutenção adequada. O fato de o corrupto não ver nos olhos as vítimas que provoca não o torna menos perigoso.”


 Por isso mesmo, causa espécie a todos os brasileiros de bem que políticos, os notoriamente apontados pela justiça como culpados por esses crimes hediondos, aproveitem desse momento de angústia para, de modo cínico, proporem soluções que, nem de longe, adotaram quando tiveram oportunidade e poder para tanto. Esse, é caso específico do ex-presidente Lula, que, de forma absolutamente desavergonhada, tem aparecido em vídeos fazendo críticas e sugerindo ações contra a crise, como se não fosse ele e seu desgoverno um dos responsáveis pela fragilidade de nosso sistema de saúde e pelo saldo de milhões de desempregados.


 Não se pode, de modo algum, desprezar esses fatos do nosso passado recente e que hoje pesam sobremaneira nessa crise de saúde pública. Talvez uma das mais emblemáticas cenas desse passado triste, ainda não totalmente solucionado pela justiça, seja justamente a utilização dos muitos e gigantescos estádios de futebol construídos para a fatídica Copa do Mundo de 2014, em que praticamente todos os envolvidos nesse esquema odioso foram acusados de corrupção, dentro e fora do país.


 Esses verdadeiros elefantes brancos, monumentos obsoletos, erguidos para propiciar a manutenção contínua de um propinoduto bilionário, são retirados agora de seu estado letárgico profundo para servirem de hospitais de campanha. Essa improvisação de finalidade, totalmente diversa, demonstra, de forma cabal, a distância entre o que necessita uma população carente e aquilo que os políticos sem ética almejam para si mesmos.


Nada mais emblemático para ensinar a uma população em pânico e cerrada dentro de casa do que a conversão de estádios em hospitais de emergência, para fazer entender, de uma vez por todas, o potencial deletério do fenômeno da corrupção. A corrupção mata. Essa é a lição aprendida agora da pior maneira possível.

A frase que foi pronunciada
“Quando você perceber que para produzir precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em autossacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”

Da filósofa russo-americana Ayn Rand, judia fugitiva da revolução russa, quando chegou aos Estados Unidos, em meados da década de 1920.

 

 

Juntos e fortes
» Pessoal da Motoluc está confeccionando máscaras Face Shield para doar aos hospitais da cidade. Por enquanto, a capacidade é de 1.500 máscaras por dia. Além da convocação de voluntários, eles estão recebendo doações de chapas de acrílico de 3mm. Leia, no blog do Ari Cunha, mais detalhes para quem quiser ajudar.
 apes
» Na hora que a coisa aperta, a coisa muda. O sistema da Capes foi liberado para implementação de bolsas de mestrado e doutorado. Um pesquisador nos enviou a missiva com a seguinte conclusão: a terra pode até ser plana na concepção dos fanáticos, mas ninguém pode negar que ela continua dando voltas.
 
Reconhecimento
» Nossas homenagens a todos que trabalham na Polícia Federal, instituição que completa 76 anos.

Sempre a verdade

» Morreu ou não morreu? O GDF corrigiu a informação sobre a primeira morte causada pelo coronavírus. A Secretaria de Saúde do DF justificou que houve um desencontro de informações.Da filósofa russo-americana Ayn Rand, judia fugitiva da revolução russa, quando chegou aos Estados Unidos, em meados da década de 1920.

História de Brasília
Todas as autarquias estão com novos presidentes. É bom ler todos os discursos de posse, para que a gente possa, depois, cobrar as promessas.
(Publicado em 04/01/1962)

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags