Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 04/04/2020 04:05
O que vai acontecer com a economia?

Alunos de filosofia têm a oportunidade de conhecer, na prática e na vida real, a grande polêmica, que desde o século XVII é travada entre empiristas e racionalistas. Basta acompanhar o debate que atualmente envolve o presidente da República e chefe do Poder Executivo, Jair Bolsonaro, e parte da nação, incluindo nessa discussão seus próprios ministros, como o titular da pasta da Saúde, Henrique Mandetta, e outros cientistas, além, é claro de todos aqueles políticos que lhe fazem uma oposição cerrada, dentro e fora do país.

Em tela, nesse caso é a polêmica erguida no Brasil e em todo mundo decorrente da pandemia de Covid-19. Nessa batalha, alguns chefes de Estado, tanto no Brasil quanto no exterior, defendem a tese de que a doença não pode, de modo algum, até pelo seu baixo potencial de mortandade, em comparação com outras enfermidades, impedir que a produção e a economia permaneçam por longo tempo estagnadas, o que pode agregar ainda mais dramaticidade e consequências nefastas ao problema. E um detalhe bastante importante para quem acompanha o trajeto percorrido até aqui do presidente do país de origem da pandemia: com o mundo enfraquecido economicamente, qual será o próximo passo?

Trata-se aqui de uma discussão que, para alguns opõem dois elementos básicos à sobrevivência humana: vida e trabalho ou saúde e sobrevivência. Num ponto os economistas, em sua maioria, concordam: os efeitos da paralisação da economia serão tão ruins quanto o próprio vírus, podendo gerar fome e grande instabilidade social, principalmente em países em desenvolvimento. No Brasil, com a particularidade de a Justiça soltar presidiários para protegê-los da pandemia. O que se discute, até em tom raivoso e muitas vezes eivado de tonalidades político partidárias e outras influências, como de vertentes religiosas e outras, é a questão entre a necessidade da quarentena prolongada da população, para, segundo os técnicos em saúde, frear a curva ascendente de contaminação e o retorno, mesmo que parcial, ao trabalho.

Para os defensores da quarentena, uma possível disseminação em larga escala da epidemia poderia provocar um caos generalizado em todo o sistema de saúde do país, principalmente no Sistema Unificado de Saúde (SUS), um sistema público e tradicionalmente sobrecarregado e pouco eficiente. Nesse debate, até micro, pequenos e médios empresários e brasileiros que trabalham por conta própria, reforçam a tese de que o lockdown, ou paralisação total, trará malefícios a todos indiscriminadamente.

De fato, o presidente está numa encruzilhada do tamanho do Brasil e não pode, por variados motivos, abraçar nenhuma das teses de modo absoluto. Para um país cuja a economia insistia em apresentar baixos níveis de crescimentos, a estagnação completa seria uma espécie de suicídio, tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista político. É nesse ponto que o empirismo do presidente, ou seja, o conhecimento, pela experiência e vivência política, adquirida nas décadas em que exerceu mandato de parlamentar, se choca com o conhecimento racional e científico daqueles que defendem a quarentena e a consequente interrupção na produção de bens e riquezas. Lembrem-se que há possibilidades de um próximo passo. Estejamos em alerta.



A frase que não foi pronunciada

“Chegar perto da população quando se quer voto é realmente mais fácil. Olhar nos olhos de quem agora está abandonado, ninguém quer. Deve ser por isso que me chamam de maluco.”
Jair Bolsonaro, pensando com os seus botões



Mobilidade
Faz tempo que a coluna reclamou das calçadas na W3. Pois nas quadras 512 e 513 Sul, por onde passeamos está tudo nivelado. Uma beleza.


Atenção, parlamentares
Vejam no blog do Ari Cunha o post da Auditoria Cidadã que exige a supressão dos parágrafos 9 e 10 (Art.115 do ADCT) que a PEC 10/2020 quer introduzir na Constituição. Alega que, pela PEC o Banco Central pode comprar papéis podres, sem limite, sem identificação e sem transparência.


Sem proteção
Um abastecimento em posto de gasolina do Paranoá e toda a quarentena foi por água abaixo. Os frentistas sem máscara, sem luva, pegam a chave dos carros, o cartão, a máquina do cartão, dinheiro. Todos os empresários que conseguiram continuar faturando durante essa crise, deveriam, no mínimo, proteger seus funcionários. Em vários supermercados e outros estabelecimentos, a mesma falta de zelo.



História de Brasília
E se a questão é espaço, o IAPFESP ocupa parte de um bloco do ministério, e poderia estar em outro prédio, talvez o próprio prédio da Vale do Rio Doce, que, alugado, renderia dinheiro para a companhia. (Publicado em 04/01/1962)
 
 
 
 
 
 

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