Correio Braziliense
postado em 05/04/2020 04:19
A sociedade desperta e vê quem está ao seu ladoDiferença fundamental entre o fanatismo político e a ciência é que, enquanto um se baseia na autoridade, a outra se baseia na observação e na razão. O objetivo final da ciência é a verdade. O da política, é o poder. As consequências desse debate têm, no entanto, ido muito além das discussões entre paralisação e quarentena. No campo político, as oposições têm aproveitado o momento, não apenas para desacreditar as teses do presidente Bolsonaro como, para empurrar o país para uma crise institucional, o que na avaliação dessa gente, renderia benefícios diretos já nas próximas eleições.
Para tanto, esses antagonistas não têm medido esforços, apropriando-se, inclusive, de estudos científicos, distorcendo seu sentido e abrangência, apresentando-os cinicamente fora do contexto, apenas para criar mais instabilidade política em meio a um ambiente demasiadamente instável por conta da pandemia.
Diante desse cenário, acreditam esses estrategistas do mal, provocar e disseminar desesperança, medo, pavor e insegurança entre a população parece o mais lógico a ser feito nesse momento. Obviamente que esse não é caminho. A pandemia tem servido de pano de fundo para uma disputa política que vinha se arrastando há muito tempo e que, com essa crise ganhou novos ingredientes. Criou-se, assim, uma situação esdrúxula em que a própria doença e o futuro da economia parecem ter ficado em segundo plano.
O mais preocupante é que enquanto a população é distraída com uma disputa que só interessa de fato aos políticos, principalmente aqueles cujo horizonte se estende apenas até as próximas eleições, os brasileiros, como fonte de onde todo o poder emana e em cujo nome é exercido, fica deixado de lado, numa peleja onde ele é o mais atingido.
Cria-se assim uma excentricidade em que o Estado relega, a outros planos a sua função precípua de proteger o cidadão e se concentra numa disputa envolvendo apenas seus entes políticos e seus interesses imediatos e de curto prazo.
Bolsonaro mordeu a isca da imprensa, que reconhece a competência do ministro que ele mesmo escolheu, e viu aí o princípio do dividir para bagunçar. Tão bom seriam boletins oficiais diários e respostas a perguntas escritas, evitando mais uma guerra a se enfrentar.
Para um país continental como o nosso o tamanho do problema exige coordenação de esforços e não disputas paroquiais. Deixando de lado razões políticas e razões científicas, até pela dimensão do problema, o caminho do meio entre a experiência sensorial dos políticos e a afirmação da razão como base da ciência médica, é preciso a colaboração da própria imprensa e de toda a população, sem a qual, não poderá haver, nem expressão numérica para contornar uma crise desse tamanho.
Dessa forma a responsabilidade de cada um e de todos conjuntamente, pode fazer a diferença. Essa união de esforços parece ser a fórmula universal e que em outras épocas rendeu frutos positivos. Cada cidadão deve se empenhar pelo bem da coletividade. Muitos têm dito que é nas crises profundas que a civilidade, sobretudo a empatia social, adquirem mais potência para o aprimoramento da sociedade.
Nessas horas, como não seria diferente, muitos passaram a torcer para que os bancos, o sistema financeiro e todos aqueles que sempre lucraram com o capitalismo selvagem que fez de nosso país uma das sociedades mais desiguais do planeta, se adiantem e ofereçam, voluntariamente suas contribuições para minorar os efeitos da crise. Utopia ou não, nesse rol de favorecidos e sempre superavitários, de quem se espera ajuda, incluem-se ainda as igrejas e outras instituições que sempre lucraram com isenções de impostos e o pouco controle pelos órgãos do Estado e que vem fazendo a fortuna de uma minoria por décadas.
Infelizmente estão todos sumidos como submergidos ou fingindo-se de mortos. Na verdade, esperar auxílio desse conjunto de privilegiados da sociedade e mesmo daqueles políticos que sempre usaram de suas posições em proveito próprio, seria frustrante e mesmo sem ação prática. As iniciativas que tem chegado ao conhecimento do público, vem, em sua maioria e por livre vontade, justamente dos pequenos e médios empresários que tem corrido para transformar suas empresas em organizações voltadas para a produção de bens e insumos de primeira necessidade para a área de saúde.
Pequenas costureiras, passaram a fabricar máscaras caseiras. Outros micro empresários passaram a produzir máscaras de acetato e outros itens, assim como pequenos comerciantes que doaram parte de seus estoques para hospitais. Na contramão desses bons cidadãos existem aqueles que passaram descaradamente a lucrar com a crise, aumentando o preço dos alimentos, do material de proteção, mostrando que , para essa gente, ética e dinheiro são incompatíveis.
Paradoxalmente o isolamento social tem contribuído para a vida em sociedade. A modalidade de trabalho home office, que antes era mal vista por algumas empresas e por grande parte dos governos, não apenas ganhou um novo impulso, como tem contribuído para frear os gráficos de contaminação, desafogando o trânsito, diminuído a poluição e os gastos com deslocamento e com consumo de outros bens e serviços, indicando que essa pode ser a nova forma de trabalho daqui para frente.
Iniciativas de toda partes surgem a cada dia demonstrando o potencial adormecido da população e podem servir, inclusive, para que cresçamos nessa crise. As ações espontâneas, vão desde doações de bens e outros serviços como outras que propõem a formulação de listas para o conhecimento público, com a relação daquelas empresas que estão contribuindo de fato com recursos para combater os efeitos da crise de saúde. Dessa forma o papel social desempenhado tanto por pessoas físicas, como por pessoas jurídicas tem sido destacado e por certo a população há de lembrar quem esteve de fato ao seu lado nesse momento de agonia.
História de Brasília
E por falar em IAPFESP, vamos ver as atitudes do seu novo presidente. Há funcionários que dariam a vida pela sua repartição, e vivem revoltados com as injustiças existentes. (Publicado em 04/01/1962)
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