Opinião

Visão do Correio: Somos uma federação

''Medidas de isolamento social, fechamento do comércio não essencial, interrupção das aulas e de atividades adiáveis têm sido tomadas pelos diferentes entes federados em obediência às orientações da Organização Mundial da Saúde, mas adaptando-as às características particulares de cada ente.''

Correio Braziliense
postado em 07/04/2020 04:35
As pessoas moram nos municípios, que ficam nos estados, que compõem a Federação. Se a água falta na torneira, ocorrem inundações, o lixo se acumula nas calçadas, a segurança falha, o trânsito se congestiona, o ônibus se atrasa, a merenda some da escola, os professores escasseiam nas salas de aula, o cidadão cobra providências da prefeitura. Nem se lembram que no Planalto Central estão o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
 
Na pandemia do coronavírus não tem sido diferente. Medidas de isolamento social, fechamento do comércio não essencial, interrupção das aulas e de atividades adiáveis têm sido tomadas pelos diferentes entes federados em obediência às orientações da Organização Mundial da Saúde, mas adaptando-as às características particulares de cada ente.
 
É contrariar o bom senso imaginar que as urgências de São Paulo com seus 13 milhões de habitantes sejam idênticas às de Boa Vista, que abriga 300 mil  moradores, mas absorve quase 2 mil refugiados venezuelanos. Igual delírio seria supor que iniciativas adequadas à capital deste ou daquele estado seja o paradigma para os municípios do interior.
 
Não por acaso a Constituição deixa explícito que a República Federativa é “formada pela união indissolúvel de estados, município e do Distrito Federal. O conceito de federalismo, pois, não se confunde com o de Estado nacional. Mas, apesar das responsabilidades dos entes federados, os recursos de que dispõem não correspondem às urgências pelas quais precisam responder.
 
O sistema tributário distribui assim as receitas: a União abocanha 58% da arrecadação nacional depois das transferências obrigatórias. Os estados ficam com 24%; os municípios, 18%. Ora, com as exigências impostas pela administração da crise do coronavírus e pela queda disruptiva na arredação, os já limitados recursos tornam-se insuficientes. Cabe ao governo federal socorrer prefeitos e governadores com rapidez, sem burocracia. Além de dispor de mais recursos, só a União imprime dinheiro.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags