Correio Braziliense
postado em 08/04/2020 04:13
Em meio a achaques, a uma campanha de desinformação nas redes sociais e à desmoralização empreendida pelas mais altas esferas do poder, nós sobrevivemos. Em nome dos oprimidos, sem voz e sem vez, calados pela arrogância e pela truculência dos que se julgam acima do bem e do mal, resistimos. Em nome da memória de Vladimir Herzog e de tantos outros emudecidos pela crueldade e pela sanha assassina, seguimos na luta. Nos últimos 25 anos, 64 colegas foram executados friamente por buscarem a verdade. E a verdade, muitas vezes, dói a consciência dos poderosos. Em várias ocasiões, o poder trata a imprensa com virulência e descrédito. É ela quem fiscaliza, monitora, cobra e, sobretudo, denuncia desmandos, desatinos e incongruências em uma sociedade na qual a ignorância parece moldar os interesses do Estado.Somos jornalistas, sim, apesar de tudo, com orgulho e cientes de nossa responsabilidade social. Escrevo este artigo no dia em que a memória de Líbero Badaró, Hipólito da Costa, Assis Chateaubriand e de tantos outros gigantes da história da imprensa nacional é reverenciada. Também no momento em que colegas setoristas de Política se tornam alvos de deboche e de ofensas de quem deveria, por lei, por prerrogativa e por natureza, respeitar a liberdade de expressão e o direito à informação crível garimpada por profissionais. Nos tempos em que a máxima autoridade do país reproduz um vídeo falso e inverídico, em meio a uma pandemia, talvez sem se dar conta de que seu conteúdo pode causar grave comoção pública e de que o presidente, ainda que pense o contrário, não possui a faculdade da onipotência.
Saiba Mais
Queiram ou não os poderosos, o jornalismo será sempre o fantasma a assombrar os incompetentes, os líderes que se apossam de seus cargos e aqueles que disseminam a mentira para obterem vantagens. Somos jornalistas, sim, e seguiremos cumprindo com a nossa missão de levar informação apurada e a verdade dos fatos. Por Vlado, Chateaubriand, Badaró e pela democracia. Sempre.
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