Opinião

Sr. Redator

Correio Braziliense
postado em 09/04/2020 04:05
Confronto
Sou um indivíduo sensato e coerente, jamais dissimulado e hipócrita. Muito menos covarde, leviano e temeroso, a ponto de não tecer os pontos negativos do presidente Bolsonaro que ajudei a eleger. Vivemos situação ímpar na história recente, a de um presidente que para sobreviver precisa desmontar o seu próprio governo. Para seu desespero, Bolsonaro, hoje, tem pelo menos três ministros indemissíveis. Aos superministros da Economia, Paulo Guedes, e da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, juntou-se nessa crise da Covid-19 o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Para cúmulo do azar, temos um presidente com impulsividade extrema e com certas atitudes inconsequentes. Em plena crise do novo coronavírus surge como guardião da saúde pública o ministro da Saúde Mandetta, em contraposição involuntária ao próprio presidente, que tomou para si o papel de inimigo da ciência, relativizando a maior crise que o mundo já enfrentou em décadas recentes. Em momento tão grave, o presidente Bolsonaro tem dado mostras de desequilíbrio emocional perigoso, que emperra a ação de seu próprio governo. Bolsonaro mostra que quer forçar uma confrontação com setores da sociedade civil e do próprio governo, que são majoritariamente favoráveis ao isolamento horizontal. Mas, no caso de Bolsonaro, o bom desempenho do ministro Mandetta, respaldado e avalizado pela população, pelo Supremo Tribunal Federal e pelos presidentes da Câmara dos Deputados e Senado, faz explodir uma inveja digna de mau aluno de ginásio e gera comandos suicidas para a população. Presidente, seus ímpetos e arrebatamentos estão em níveis preocupantes e tornando-se insustentáveis, ao enfatizar não ter “medo de usar a caneta e que vai chegar a hora dos seus auxiliares de seu governo que estão se achando”, sugerindo que poderá demitir aqueles que “falam pelos cotovelos”. Com meus respeitos, presidente, essa sua postura é atitude de menino da pré-escola, não combina para um chefe de Estado. A tentativa de tirar o protagonismo do ministro da Saúde, no combate à Covid-19, não passa de mais uma bolsonarice, entre muitas que o presidente comete cotidianamente com palavras, gestos e hábitos. Portanto, Jair Bolsonaro é Jair Bolsonaro. Sempre foi. Por três décadas expôs sua natureza no parlamento, não raro se comportando como um sociopata. Aí está. Ninguém se pode dizer surpreso. O que nos cabe, neste momento, é cuidarmos uns dos outros. A única urgência é a vida. Senhor ministro Mandetta e equipe, os senhores têm a confiabilidade e o reconhecimento da população!

Renato Mendes Prestes, Águas Claras


» A primeira coisa que faço ao abrir o Correio todos os dias é ler a coluna Visto, Lido e Ouvido  que descreve com isenção e pertinência a nossa realidade atual. Por ter me interessado por política há mais de 50 anos e ter vivido quase todos esses processos e fatos acontecidos no Brasil, sem intermediários  e pertencer a uma família  tradicional  de professores e artistas do  Rio de Janeiro (os Campofiorito), considero-me em condições de elogiar os leitores do Sr. Redator, Álvaro P. S.da Costa e Rubens Martins, por suas mensagens e lamentar Neide Andrade pela deturpação lamentável de fatos reais e incontestes. Triste! Se a oposição política a Bolsonaro apresentasse ideias, projetos e sugestões inteligentes em vez de agredir e bater a torto e a direito, todos nós seríamos beneficiados. Confio em pessoas honestas sem que precisem sempre ser gentis ao expor suas opiniões. Gentlemen já tivemos muitos, e nada conseguiram. Chega!

Leda Watson, Lago Sul


Poder da Bic
Com muita dificuldade, devido às limitações cognitivas, o presidente Jair Bolsonaro vem aprendendo que, apesar da força da sua caneta Bic, ele pode muito, mas não tudo. Na Praça dos Três Poderes, há outras canetas, algumas de valor proibitivo para a maioria da população. O presidente não consegue esconder suas angústias e insegurança, mesmo com a caneta Bic em riste. O presidente sabe que não poderá demitir o ortopedista Luiz Henrique Mandetta do cargo de ministro da Saúde, que conquistou a confiança de mais de 76% contra 33% que aprovam o governo. Mais de 50% dos brasileiros não desejam a sua renúncia. Chega de crise: saúde, economia... Basta! Tudo ruim demais. Uma renúncia do presidente seria mais uma dor de cabeça sem necessidade. Deixem ele quieto e solitário no amplo Palácio do Planalto. Deixem ele discursando para meia dúzia de messiânicos que vão aos portões do Alvorada, passando-lhe a ilusão de ser um presidente amado pelo seu povo. Ilusão faz bem ao ego, sobretudo de quem é vaidoso e rasga o próprio peito com a lâmina da inveja de quem é mais respeitado e querido do que ele. Quantas tormentas dominam o ser Bolsonaro, que se mantém na artilharia, desferindo projetéis contra eventuais e interesseiros aliados. Amigos? Duvido que os tenha. Contido pelos generais, o comandante em chefe dispara bravatas com efeito bumerangue. Hoje, o alvo do Gabinete do Ódio é o general Braga Neto, recém-chegado à Casa Civil. Diferentemente do chefe, além de bom senso, ele está ao lado da ciência e da medicina. Reconhece como acertadas as orientações do ministro Mandetta em defesa da vida dos brasileiros. A sensatez não tem espaço na agenda do chefe nem dos seus seguidores, eis o motivo de o general despertar a ira dos obscurantistas de plantão, com representação fixa nos portões do Palácio da Alvorada, em apoio às insanidades messiânicas.

Paulo Henrique Evans, Jardim Botânico


Fake news
A reportagem sobre fake news (7/4) orienta procurar a “mídia confiável” para evitar as notícias falsas. Só que como confiar numa mídia que até agora não fez uma reportagem sequer sobre a situação em que se encontra o setor de emergência dos hospitais de Brasília. Os hospitais estão praticamente vazios. Mas isso não interessa à “mídia confiável”, que está esperando os milhares de infectados, de internados e dos mortos pelo coronavírus. E também notícias sobre bilhões que serão repassados a governadores e prefeitos perdulários, ainda que à custa de emissão de moeda sem lastro, hoje defendida em editorial desse jornal. A medida só traz inflação. Aí é que reside a desconfiança do leitor com a “mídia confiável”.

Jair Oliveira Soares, Brasília
 
 
 
 

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