Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 09/04/2020 04:05
Agonia

Tão chocante quanto a atual pandemia é a omissão e a insensibilidade de boa parte da classe política nacional. Indiferentes e incapazes de demonstrar gestos mínimos de solidariedade diante de um quadro que parece se agravar a cada dia, nossos políticos, em todas as esferas municipais, estaduais e federais, ainda não foram capazes de, por livre e espontânea vontade, abrir mão de parte de seus polpudos rendimentos para ajudar no enfrentamento da maior crise de saúde pública, já experimentada pelo Brasil em toda a sua história.

No Legislativo federal, foi preciso a intervenção heroica e solitária do juiz federal Itagiba Catta Preta Neto, da 4ª Vara Cívil da Justiça Federal em Brasília, que determinou o bloqueio dos recursos dos fundos Partidário e Eleitoral que somam mais de R$ 3 bilhões para o combate à pandemia do coronavírus e aos seus reflexos posteriores, principalmente os de ordem econômica. Se a prestação de contas do candidato à Presidência Jair Bolsonaro foi contabilizada com arrecadação de R$ 4.390.140,36, e gastos de R$ 2.456.215,03, ficando abaixo do teto legal permitido para os dois turnos do pleito presidencial, que era de R$ 105 milhões, está na hora de nossos políticos angariarem votos com ação, deixando discurso e dinheiro de lado. Se todos os brasileiros foram obrigados a aprender com as limitações impostas pelo vírus, é hora de os representantes do povo fazerem o mesmo.

O presidente da Câmara, que anteriormente havia retirado de pauta qualquer discussão sobre esse assunto, não quis comentar a decisão de primeira instância, na certeza de que nos tribunais superiores ela será revertida em favor dos partidos e das eleições que, segundo consta, ainda está nos planos de muitos políticos, ansiosos para serem reconduzidos, sem pleito e diretamente aos mandatos.

Mesmo que o calendário político não seja alterado, como creem, há, ainda, a possibilidade de estender os atuais mandatos, o que para muitos parlamentares, principalmente aqueles que estão mal cotados hoje perante a opinião pública, é também uma grande notícia ou um presente. Nos bastidores da Câmara, correm as conversas para que o atual presidente da Casa possa, contornando o regimento interno, por conta da pandemia, continuar na presidência por mais algum tempo, o que para ele e para seu grupo de apoio é também uma boa notícia.

Por certo, boa parte dos eleitores, principalmente aqueles de boa memória e que hoje se manifestam contrários a um Estado perdulário, há de reter na lembrança esses momentos de aflição em que o dinheiro da nação, oriundo dos pagadores de impostos, foi retido do Legislativo, para custear partidos e eleições de pessoas que, já se sabe, não se pode contar nem na hora da agonia.



A frase que não foi pronunciada
“Curar a doença britânica com socialismo era como tentar curar leucemia com sanguessugas”.
Margareth Tatcher, primeira ministra do Reino-Unido de 1979 a 1990.


Para a alma
» Por falar no vírus, iniciativa da diretora do Senado, Ilana Trombka, agradou aos servidores e fez valer alguns importantes objetivos do Coral da Casa, regido por Glicínia Mendes. Integrar servidores de diferentes níveis hierárquicos da instituição e criar condições de maior humanização dentro da Casa, promovendo a motivação e a elevação do moral dos servidores com ótimo reflexo sobre a melhoria do ambiente de trabalho. Tudo o que se precisa, em tempos de coronavirus. Pela intranet, os funcionários podem assistir apresentações realizadas pelo grupo. Veja o link no Blog do Ari Cunha.


Bagunça
Também no Blog do Ari Cunha, um vídeo da professora Emília Stenzel, mostrando a fila de um banco. Só uma pessoa com máscara, todos do lado de fora, aglomerados. A ordem só acontece da porta do banco para dentro.


Abuso de poder
Bancos que num momento desses cobram taxas impagáveis de cheques especiais, poderiam pelo menos não divulgar os lucros no fim do ano. O que parece sucesso para uns, para outros, é uma vergonha.


Condomínios
Senador Anastasia acatou o apelo do Sindicato dos Condomínios Residenciais e Comerciais do DF (Sindicondomínio) e aprovou o  Projeto de Lei 1.179/2020, dispondo sobre as regras transitórias de direito privado devido à pandemia de coronavírus. O mandato dos síndicos encerrados em 23 de março ficam prorrogados até outubro, o que evita a paralisação da movimentação de contas bancárias e, principalmente e aglomeração dos condôminos em assembleias. O presidente do Sindicondomínio, Antônio Carlos Saraiva de Paiva, sugere que a Câmara, no exame do projeto, acrescente mais uma regra, possibilitando ao síndico criar programas para o depósito de resíduos sólidos de pessoas que estão sob suspeita ou contaminadas pelo vírus. No DF, são mais de 10 mil condomínios.



História de Brasília
Uma recomendação ao dr. Vasco, diretor executivo da Novacap: “As covas abertas para a plantação de árvores na W3, em alguns casos, estão próximas demais a postes de iluminação”. Parece que não vai dar certo uma árvore ligada a um poste. (Publicado em 4/1/1962)


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