Opinião

Sr. Redator

Correio Braziliense
postado em 10/04/2020 04:04




Clínicas de diálise
Em resposta à matéria publicada no último dia 6 de abril, intitulada como Clínicas de diálise ameaçam parar por falta de auxílio financeiro, a Sociedade Brasileira de Nefrologia reforça que em nenhum momento cogitou a possibilidade de orientação ou apoio à interrupção do tratamento de pacientes renais crônicos no Brasil realizado por meio da hemodiálise. O que estamos verificando, hoje, na verdade, são vários casos de colegas nefrologistas que se contaminaram e adquiriram infecção pelo coronavírus, atestando a disposição e a coragem de nossos valorosos profissionais que atuam na linha de frente nesta pandemia, com alto grau de sacrifício pessoal e de seus familiares. O fato inegável é que as clínicas vêm sofrendo um regime de subfinanciamento crônico, que tende a se agravar em função do enfrentamento da Covid-19, que contempla a implementação de medidas que dependem de provisionamento financeiro (realização de exames diagnósticos, aquisição de equipamentos de proteção individual, gastos com outros insumos). Logo, urge o aporte financeiro pelo governo federal necessário pelo risco de insolvência das unidades e, consequentemente, falência no tratamento oferecido em todo território nacional.

Sociedade Brasileira de Nefrologia 



Jejum
Não é piada, o presidente da República pede para o povo fazer jejum em meio a pandemia em que se inicia em nosso país.O livro de Zacarias na Bíblia (7-10), diz que “Deus não quer jejum, quer justiça e misericórdia”, que expressa a vontade do profeta em reconhecer que o povo sofre e precisa de socorro. O nosso povo faz jejum há muito tempo, quando um trabalhador não tem o que comer por falta de trabalho; o povo brasileiro faz jejum quando seu salário é comparado a um dos mais baixos do mundo; o povo faz jejum quando as empresas do Brasil pagam um dos maiores impostos do mundo; o povo faz jejum quando caminhoneiro tem que passar fome para levar comida para a população; o povo faz jejum quando seus salários de professores e policiais são 10 vezes menores que dos políticos de nosso país; o povo faz jejum quando enfermeiros e médicos trabalham com jornadas excessivas e sem recursos materiais, e muitos idosos morrem nas filas do INSS para se aposentar. Tudo isso demonstra o quanto nosso povo há muito tempo faz jejum. O que ele precisa nesse momento é de justiça e misericórdia, para poder pagar as contas com dignidade, ter salários descentes, ter alimento em sua geladeira. O povo quer justiça para ter hospitais e profissionais de saúde com qualidade de atendimento. O povo quer justiça, senhor presidente. Até nesse momento quando precisamos de sensatez de vossa excelência para conhecer melhor seu povo, que não são seus seguidores, peço que não use o que povo tem em sua essência que é sua fé, pois com jejum ou sem, Deus sempre fará Justiça.

Luciano Pilatti, Brasília



Nada em si mesmo
A síntese do clássico O Estrangeiro, do poeta e filósofo franco-argelino Albert Camus, escrito durante a ocupação nazista na França em 1942, nos revela um personagem misantropo (Meursault), guiado pelo absurdo e por fatores externos, como o Sol, a quem atribui o assassinato que cometera. Não apenas a história sempre se repete como a literatura também nos impele, nos confina à realidade, sobretudo esta, com tanta mediocridade e parvoíce. O ataque irracional e racista à China, do iletrado ministro da Educação, Weintraub, nos justapõe a uma narrativa absurda, sem base histórica e delirante, colocando em risco as relações diplomáticas e a soberania do país. Comer “tudo que o sol ilumina”, não determina uma geração espontânea viral, mas a ignorância, o delírio, o desatino, sim, estão sob a insolação messiânica e fundamentalista.

Marcelo de Mattos, Santos/SP



Coronavírus
Para muitos chefes de Estado, o embate contra o novo coronavírus em muito se assemelha aos confrontos da Segunda Guerra Mundial, quando o mundo se uniu contra o inominável nazista Adolf Hitler. Em seis anos de conflito (1939/1945), 85 milhões morrerram, dos quais mais de 50 milhões eram civis e, entre eles, pelo menos 6 milhões eram judeus, alvo da insanidade do líder alemão. O Brasil se uniu às nações que compunham as alianças contra Hitler. O país enviou 25 mil brasileiros para se somarem às forças aliadas, que lutaram contra os alemães, ao lado dos norte-americanos, nos campos de batalha italianos. No total, 450 brasileiros foram mortos em combate, mais da metade de cidadãos até agora mortos pelo coronavírus. Os praças brasileiros tinham armas e munições. Sabiam quem era inimigo e tinha estratégia para combatê-lo. Hoje, o Brasil e o restante do mundo enfrentam uma batalha sem arma nem munição. Não conseguem ver o inimigo — ele é invisível. Hoje, os norte-americanos, agora, não são mais tão aliados. Vivem com força total o slogan “America First” e o resto do mundo é o resto. Aqui, sem o aparato necessário, o governo central quer empurrar os cidadãos para campo aberto, em que o inimigo se aproveita da aglomeração para fazer mais vítimas, e deixa no ar uma cruel dúvida: o inimigo é o vírus ou quem quer expor trabalhadores desprotegidos ao seu ataque?

Gilberto Borba, Sudoeste
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



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