Correio Braziliense
postado em 12/04/2020 04:23
Feliz Páscoa
Talvez a festa da Páscoa não tenha para nós o mesmo apelo afetivo que outras, como o Natal, por exemplo. Mas, na Páscoa, não estamos celebrando uma lembrança, algo que já se foi, e que procuramos não esquecer. Na Páscoa vivemos o que vivemos todo o dia, se é que somos cristãos. Vivemos, festejamos, saboreamos a presença de Jesus entre nós. Alegremo-nos com sua presença, com sua atenção, pela companhia que nos faz. Olhamos para Ele, o que vive entre nós, e nos faz viver, e tudo se torna mais claro e mais simples para nós. Não lemos suas palavras, mas ouvimos sua voz e escutamos o que nos diz. Páscoa é vida, é presença, esperança e certeza. Porque Jesus ressuscitou e está de pé, tudo é novo para nós, tudo é possível, tudo está garantido. Feliz Páscoa para nós!
José Ribamar Pinheiro Filho, Asa Norte
Brasília, 60 anos
Da terra dos maracatus, eu ouvia boas notícias sobre você, querida Brasília. E para tirar a prova dos nove, resolvi pessoalmente testar. Sem eira nem beira, aboletei-me num pau de arara. No quebra aqui, quebra ali, cheguei. Sem preconceito, você abriu seu coraçãozão para mim. Abrigou também nele pessoas das mais diversas origens, raças, credos, costumes, línguas, dialetos. Pernambucanos, gregos, troianos, goianos, baianos. Mosaico humano de mil e um sotaques e de mil e uma histórias que resultou numa única e nova família. Com identidade própria. A família brasiliense. Como disse, cheguei de mala e cuia. Sem estudo, sem profissão. Com uma na frente e a outra mão atrás, eu fui bem acolhido. Depois de me adotar e me dar as oportunidades que eu não tive lá no meu sertão, testemunhei como verdadeiras a boas notícias que ouvira. Pois bem, transitando entre seus eixos, asas, dáblius, SQS, etc. dessas boas notícias eu pude tirar proveito. Prosperei. Venci. Como venceram tantos outros filhos seus — adotivos e legítimos. Infelizmente, o espaço não dá para contar toda a minha história e expressar gratidão por tudo que consegui aqui. Por enquanto: pela minha família e por mim, muito obrigado. Nos seus 60 anos, parabéns, Brasília! Eu a amo!
Arlindo Jerônimo Ferreira, Asa Norte
Um sonho de grandeza fez asas escoando emoções. Lapidou o pôr-do-sol do Paranoá. Plantou flores e ternuras nas praças. Deu braços de aço aos calejados pioneiros. Cobriu quadras com botões de rosas, colibris e sabiás. Dos cantos dos concretos nasceram álbuns de família. No caminho traçado pelo dedo da eternidade, ilusões criaram raízes e esperanças. Encantada e esculpida de arrojos. Brasília sessentona tempera e energiza a vida dos que te amam.
Vicente Limongi Netto, Lago Norte
Saudoso Ariano Suassuna reclamava de Brasília. Dizia que a cidade tinha tomado um susto e perdido sua cor. Aí ao lermos o noticiário de uma cidade esvaziada, sem pessoas, sem o Eixão do Lazer com toda sorte de pessoas ao ar livre, o Parque da Cidade fechado e demais locais de aglomeração sendo evitados (prudentemente, diga-se!) nos faz refletir sobre a ciência em confronto aos achismos de toda sorte. Brasília foi sonhada por Dom Bosco, projetada por Niemeyer e Lucio Costa, nasceu da coragem de JK e nesses seus quase 60 anos é, foi e sempre será nossa casa. Mesmo que uns e outros insistam em disseminar palavras sem qualquer, repita-se, sem qualquer embasamento técnico, nós todos, — filhos e filhas, devemos respeito ao que aqui foi construído. Sem demagogias e norteados por especialistas em saúde. Dom Bosco disse à época: “Aparecerá aqui a terra prometida, (...). Será uma riqueza inconcebível!”. Quer riqueza maior que o capital humano desta terra? Economia só existe numa sociedade sadia. Pense nisso!
Rodrigo Leitão, Sobradinho
Escalafobética
A questão pós-liberal da “modernidade” na cultura e na arte do século 20 é associada ao rompimento dos “laços com o passado”. Este constitui seu traço básico: a hipótese da construção do “Mundo Novo” a partir da “estaca zero”, livre dos “grilhões” e “peias” da tradição e do compromisso com a “forma histórica”. Despojamento de espírito e linguagem histórica, afirmação da técnica e da racionalidade, recuperação do sentido estético: é sob esses três aspectos concatenados que o “Movimento Moderno” se firmou na arquitetura e no urbanismo. “A necessidade é a única senhora da arte” — eis o lema de Otto Wagner (1841-1918), precursor do pensamento moderno sobre a cidade e sua arquitetura. Decreta-se “a beleza da máquina” como se fosse a nova codificação de perenidade. Ocorre que a paixão intervém em todo o rigor do cálculo. Entre as décadas de 30 e 60, a “arquitetura moderna brasileira” ou “arquitetura nova” — no interior da vertente conhecida como “escola carioca” e obra dos arquitetos Lucio Costa (1902-1998) e Oscar Niemeyer (1907-2012) — se singularizou pela iniciativa de conciliar “os princípios da arquitetura moderna”, identificados por meio da doutrina de Le Corbusier (1887-1965), com o conteúdo da tradição artístico-arquitetônica local, encarnado pela Colônia e seu ciclo barroco. Isto foi posto como programa da criação plástica no Brasil, que teve em Brasília a sua instância culminante, inscrita na tradição do “Estado como obra de arte”. Como obra de arte, a Capital da Esperança se mantém viva. E como suculento caldo cultural também. Contudo, o amor, nessa terra, precisa ser mais monumental e residencial — com asas para além dos eixos. Não à toa, desponta a poesia de Noélia Ribeiro, em seu livro Escalafobética (2015): “Sou barco inseguro/Deste planalto sem mar/Onde fico a reparar/Na escuridão do museu/Bêbados ambulantes/Quixotes de Cervantes/Assim como eu:/Falsa ninfa estacionada/Em pit stop do nada/Sob o céu bordô/De uma cidade sem ética/Que nesta noite nos reduz,/Meu inconstante amor,/A príncipe esfarrapado e/Princesa escalafobética”.
Marcos Fabrício Lopes da Silva, Asa Norte
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