Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 16/04/2020 04:14

Procuram-se autoridades capazes de fazer a diferença

Em meio à toda megacrise gerada pela pandemia do Covid-19, um fato desolador pode ser facilmente constatado pelos brasileiros, de norte a sul deste país: nossas autoridades, independentemente dos partidos aos quais pertençam ou cargos que ocupam na estrutura do Estado, seja federal, seja estadual, seja municipal, nenhuma delas parece, verdadeiramente, sensibilizada com o drama vivido pela população.

De fato, o que a maioria dos governantes, legisladores e juristas tem feito durante essa crise é cumprir rotinas burocráticas, de acordo com a cartilha oficial para casos de calamidades e sinistros. Nada mais. Por trás dessas ações obrigatórias e em função do cargo que ocupam, a vida, para essa gente, segue sem maiores atropelos, distante do mundo real das ruas. A pseudopreocupação que esboçam em público é pura pantomima. Quando muito, alterou-lhes alguns planos pessoais que almejavam, a crise parece ter atingido apenas as autoridades com o pensamento nas próximas eleições.

No Legislativo, a pandemia, como não podia deixar de ser, tem servido de pretexto para a elaboração de uma extensa pauta de interesse das bancadas e, principalmente do chamado Centrão, uma união ocasional e cobiçosa de parlamentares em torno de objetivos de interesses próprios, muitos dos quais, inconfessáveis. Com a possibilidade, agora, de legislarem a distância, as lideranças dessas bancadas, verdadeiras raposas políticas, têm usado de suas prerrogativas para turbinar seus mandatos, aplainando o caminho às eleições vindouras. Para tanto, estão colocando nos ombros dos contribuintes de quarentena a futura conta salgada dos pacotes bombas que costuram em acordos e conchavos longe dos holofotes.

No Judiciário, sobretudo nas altas cortes, os magistrados têm aproveitado a situação pandêmica para pôr em liberdade os mais destacados e ilustres corruptos desse país, todos devidamente contemplados com as mordomias da prisão domiciliar. Mesmo no Executivo, a crise de saúde pública não foi capaz de amainar os ânimos e a animosidade política, com o presidente, mais uma vez, caindo na armadilha de parte belicosa da impressa e colocando, aparentemente, todo o batalhão do Ministério da Saúde em posição de retirada da guerra contra o vírus.

Mesmo se dizendo preocupado com a onda de desemprego que se anuncia ao término da pandemia, o presidente Bolsonaro, em momento algum, tem incentivado a indústria nacional a fabricar os insumos necessários para combater a doença. Preferiu, isso sim, comprar mais de 240 milhões de máscaras da China, a grande protagonista dessa agonia mundial, em vez de mandá-las fabricar nas centenas de empresas de confecção nacional que estão às moscas desde fevereiro.

Ninguém, nesse mundo aparte das autoridades, abriu mão, até o momento, de mordomias, altos salários, abonos, penduricalhos e outros extras que recebem, graças a uma bem azeitada máquina de arrecadar impostos e tributos escorchantes.



A frase que não foi pronunciada

“ Um dia ele me disse que era uma pena que os homens tivessem que ser julgados como cavalos de corrida, pelo seu retrospecto.”
Rubem Fonseca, Juiz de Fora, 11 de maio de 1925 , Rio de Janeiro, 15 de abril de 2020) foi escritor e roteirista brasileiro



Simples assim
Quem leva um concurso a sério dedica no mínimo dois anos da vida, abrindo mão de reuniões de família, festas, viagens, passeios e até do trabalho. Quem estuda para concurso abdica de tudo para atingir um só objetivo: estar na lista dos aprovados. O que rege um concurso é o edital. Quanto mais séria a banca, menos margens para interpretações. O que acontece no momento é que muito mistério ronda o concurso da Sedes. Mudaram a regra no meio do jogo sobre as questões anuladas. Quem fez mais pontos nas provas foi prejudicado. O Tribunal de Contas do DF acatou, por unanidade, a tese de que o edital é soberano. Mas Paulo Tadeu, o relator do processo, ignorou a opinião dos colegas e, em seu voto, soltou um jabuti que fez com que a celeuma voltasse à estaca zero. Não é questão de Justiça. Bastava obedecer às regras do edital com honestidade, como votou o Tribunal de Contas do DF.



Os fortes
Paradoxalmente, o isolamento social tem despertado o senso de comunidade e de pertencimento que  tanto estava adormecido. Proposta pelo ator Caco Ciocler a “lista Fortes”, nome que faz alusão à lista Forbes, divulga empresas que destinarem parte significativa dos lucros obtidos em 2019 para o combate ao novo coronavírus no Brasil. A inciativa do ator, que abriu mão do cachê para divulgar essas empresas em suas redes sociais, tem dado bons frutos, com diversas companhias aderindo com doações em valores substanciais para o combate ao coronavirus no Brasil.



História de Brasília

Aí, então, alugariam os imóveis a preços elevados, e obteriam lucros às custas de especulação imobiliária. (Publicado em 5/1/1962)
 
 
 
 
 


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