Opinião

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Correio Braziliense
postado em 19/04/2020 04:07
Espelho e farol

Em termos estéticos, o crítico francês Charles Lalo (1877-1953) destaca não só a arte alienada da realidade, mas também a arte próxima da vida. Considerando, inicialmente, a gentil dedicatória a mim dirigida, pode-se inferir que a escritora Meimei Bastos, em seu livro Um verso e Mei (2017) acredita que a literatura pode proporcionar ao leitor “espelho e farol”. Logo, a literatura não pode ser apenas um exercício para diletantes, nem mero objeto de contemplação. A missão literária de Meimei Bastos tem uma finalidade bem definida: ajudar o cidadão a “viver melhor”, oferecendo versos e prosas que o façam compreender melhor a sociedade, o seu semelhante e a si mesmo. Seu fazer literário é voltado para a conscientização da comunidade sobre a sua condição de vida, muitas vezes periferizada pelo circuito das desigualdades inúmeras, e assim incentivar nas pessoas a solidariedade, a autonomia e o empoderamento. Segundo Vanessa Dourado, autora do livro Palavras Ressentidas (2015), os escritos de Meimei Bastos se colocam como “carimbos da realidade em forma de arte”. Compartilhamos da opinião da escritora Cristiane Sobral, ao ressaltar que, contra o machismo, o racismo e os preconceitos estruturais, Meimei Bastos também denuncia o chamado apartheid da capital do país, Brasília. É o caso registrado pelo seu fabuloso poema Eixo: “tinha um Eixo atravessando o meu peito,/tão grande que cortava minha alma em L2/Sul e Norte./uma W3 entalada na garganta virou nó./eles têm o Parque da Cidade./nós, o Três Meninas./eles, a Catedral./nós, Santa Luzia./eles, as Super Quadras./nós, a Rocinha./eles, Fonte Luminosa./nós, Chafariz./eles, Noroeste./nós, Santuário./eles, Sudoeste./nós, Sol Nascente./eles, o Lago Paranoá./nós, Águas Lindas./sou filha da Maria, que não é santa e nem puta./nasci e me criei num Paraíso que chamam de Val/e me formei na Universidade Estrutural./não troco o meu Recanto de Riachos Fundos/e Samambaias verdes/pelas tuas Tesourinhas./essa Bras(ilha) não é minha./porque eu não sou Planalto,/eu sou periferia!/eu não sou concreto,/eu sou quebrada!”.
Marcos Fabrício Lopes da Silva, Asa Norte

Brasília, 60 anos

Quero lembrar a todos que Brasília comemora aniversário em 21 de abril. Brasília é igual coração de mãe: sempre cabe mais um. A cidade, dividida entre nativos e pessoas de outros estados, completa 60 anos. Brasília, como não amá-la? Como não apaixonar pelos traços do arquiteto Oscar Niemeyer? Como não se sentir orgulho do urbanista Lúcio Costa pelo seu talentoso projeto Plano Piloto? Como não agradecer a Juscelino Kubistschek por essa audaciosa empreitada — a nossa capital da República? Parabéns, Brasília, Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, sexagenária com um jeito peculiar e poderosa nas decisões do país.
José Ribamar Pinheiro Filho, Asa Norte

» Vendo o artigo do jornalista André Gustavo Stumpf (14/4), resolvi escrever também algo sobre minha vinda para Brasília. Era 1974 e me encantei com a cidade. Oriundo do Rio, passei no concurso para a Oficial da PMDF. Depois de muitos outros desafios fui convidado a participar da Segurança do Concurso de Miss Brasília e Miss Brasil. Os Diários Associados queriam moralizar o concurso e convidou militares para isso. Trabalhei nele, de 1975 a 1982. Eram muitas moças bonitas, motos, carros, ônibus e alvoroço por elas na Capital. O hotel, onde elas ficavam, permanecia superlotado de pessoas que vinham resolver problemas na Cidade. Não tinha nada em Brasília e o Concurso era o maior evento da época. Ginásio de Esportes lotado. Bons tempos. Tudo era maravilhoso.
João Coelho Vítola, Asa Norte

» Querida Brasília, eu vi todo o movimento para que você saísse dos projetos e nascesse aqui no Planalto Central. Eu tinha de nove anos. Estava lá na minha querida Vianópolis, GO. Muitos não sabem, mas aquela cidade contribuiu e muito para que o sonho do maior de todos os presidentes que governaram o Brasil, Juscelino Kubistchek, se tornasse realidade. Lá chegava por via férrea o material que abasteceria os canteiros de obras da construção civil, ou seja, material que guerreiros de diversas partes do nosso país, precisavam para plantá-la aqui cerrado. Como era movimentada aquela estação que hoje está tão solitária. Vagões chegavam abarrotados e dezenas de caminhões eram carregados com o material que mudaria a paisagem deste pedaço de chão. Em Vianópolis tinha um posto avançado da Novacap. O meu saudoso pai trabalhava no serviço de carga e descarga. Lembro-me com saudade daquele tempo. Em 1968, coube-me a sorte de vir viver junto de você. Agradeço ao Criador por ter me concedido tão grande presente. São 52 anos de completa felicidade. Tive a oportunidade de prosseguir na carreira de meus sonhos, Exército Brasileiro, constitui família e posso afirmar que você está entre as melhores coisas que aconteceram na minha vida. Obrigado por ter me acolhido. Obrigado por ter dado também às minhas filhas, netas e netos, a oportunidade de viverem junto de você. Eu não preciso chorar de saudade, com cinco minutos eu junto todos. Isso é bom demais. Do fundo do meu coração, obrigado por ter permitido que eu ficasse junto de você. Parabéns pelo seu aniversário de 60 anos. O tempo passa e você fica cada vez mais bonita. Obrigado, JK, Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Burle Marx, Israel Pinheiro, Bernardo Sayão, Ernesto Silva e os milhares de trabalhadores que construíram essa majestosa obra para ser a capital do Brasil.
Jeovah Ferreira, Taquari


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