Correio Braziliense
postado em 21/04/2020 04:05
Sou 100% brasiliense. Não só porque a minha certidão de nascimento diz isso. Mas porque, ao longo da minha vida, experienciei situações totalmente candangas. A mais forte delas, sem dúvidas, foi a vida no pilotis.
Na minha infância, eu, meu irmão e nossos melhores amigos, vez ou outra, descíamos dos nossos apartamentos em um prédio na Asa Norte para brincar entre as colunas do bloco. A brincadeira preferida era o pique bandeirinha.
Na adolescência, minha vida também perpassou pelo pilotis. Com um grupo de amigas da escola que moravam na mesma quadra, era comum que a gente interfonasse para a outra descer. O objetivo era simples: ficar embaixo do bloco conversando e matando as horas disponíveis. Até aniversário surpresa já ganhei entre as colunas do prédio.
Hoje, a nossa vida não pode ser “embaixo do prédio”. Por muito motivos. Eu distanciei-me dessa cultura pela falta de tempo e pelo medo de ficar exposta a assaltos, já que, nos últimos anos, cresceu o número de ataques aos moradores num simples ato de chegar em casa.
Neste 21 de abril, quando a capital federal completa 60 anos, eu queria muito reviver essa cultura do pilotis. Mas a pandemia do novo coronavírus é o que me impede de sentar embaixo do bloco e ver a tarde passar. Vai que todo mundo tem a mesma ideia. Nossa segurança, hoje, é o distanciamento.
Enquanto isso, posso apreciar de longe tantas outras coisas que me tornam brasiliense, como a vista do Eixão da minha janela; o início do projeto de serenatas, que vai rodar Brasília até 4 de maio, também da minha varanda; produções televisivas e cinematográficas que têm Brasília como temática — O último cine drive-in é a minha dica — da minha tevê; e, do meu celular, todas as tantas comemorações dos 60 anos em versão on-line.
A Brasília do pilotis é a minha Brasília, a que mais guardo com carinho. Qual é a sua?
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