Opinião

Visão do Correio: Reativação com segurança

''Sem entrar em maiores detalhes, o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, defendeu o abrandamento da quarentena. Ele afirmou que não há incremento explosivo dos casos da Covid-19, o que justificaria o relaxamento do confinamento''

Correio Braziliense
postado em 24/04/2020 04:04
Ter planos para a retomada das atividades econômicas em plena pandemia do novo coronavírus não é de todo mal, mas desde que sejam elaborados com base em conhecimentos das comunidades médica e científica. Não pode haver açodamento por parte dos governantes, sob o risco de prejuízos irreversíveis em termos de vidas humanas e da própria economia. Planejamento e diálogo têm de prevalecer entre todos os entes federativos para que se executem as decisões tomadas nos gabinetes. O país não pode se arriscar a flertar com a normalidade anterior à Covid-19, sem a máxima segurança.

Autoridades federais, estaduais e municipais estão apresentando medidas para a reabertura do comércio e das demais atividades econômicas que regem a cotidiano das pessoas. O governo federal prepara diretrizes para reduzir o isolamento social, ao mesmo tempo em que elabora um programa para a retomada do crescimento, quando passar a crise provocada pelo novo coronavírus. Governadores estão indo no mesmo caminho e alguns anunciaram suas propostas para a reativação de setores comerciais e de serviços.

Sem entrar em maiores detalhes, o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, defendeu o abrandamento da quarentena. Ele afirmou que não há incremento explosivo dos casos da Covid-19, o que justificaria o relaxamento do confinamento. Lembrou que, se 70% da população brasileira tiverem contato com a doença para que fiquem imunes no ritmo atual de contágio, isso levaria um ano e meio, Seria impossível ao país sobreviver em sistema de isolamento social durante todo esse período. Por isso, na avaliação dele, a necessidade de se pensar na flexibilização da quarentena, mas nada de concreto foi apresentado. No entanto, adiantou que o trabalho do ministério será compartilhado com as administrações estaduais e municipais, um bom indicativo.

Alguns estados, como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, se adiantaram e divulgaram planos de reativação das economias locais, com o compromisso de obediência à ciência e à medicina para saber quando, como e o motivo de se abrir determinado setor. O governo paulista marcou para 11 de maio a reabertura gradual da atividade econômica, levando em conta as situações locais, regionais e setoriais. Mais: retomada da economia com as devidas medidas de proteção.

Em Minas, a abertura ficará a cargo dos municípios. O governo prepara protocolo de flexibilização e a adesão dependerá de cada prefeito. Os negócios foram divididos em quatro tipos — essenciais, baixo, médio e alto risco — e serão reabertos de acordo com a realidade de cada cidade. A autorização poderá ser revogada caso haja o avanço da pandemia nas localidades. No Rio Grande do Sul, o mesmo modelo de reativação está em funcionamento, segundo determinados critérios e obedecendo à testagem da Covid-19 feita por universidades.

O que se espera é que os cuidados indispensáveis sejam tomados para que não haja uma explosão de novos casos. E que o sistema de saúde, onde houver a flexibilização, esteja apto a prestar socorro a todos os que contraírem o novo coronavírus. Saúde e economia não precisam brigar, como preconiza o ministro Teich, mas a vida está sempre em primeiro lugar.


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