Opinião

Sr. Redator

Correio Braziliense
postado em 25/04/2020 04:05


Sergio Moro

A sexta-feira, 24 de abril, não tem paralelo na história. O então ministro Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública, fez graves denúncias contra o presidente da República, Jair Bolsonaro. Em pronunciamento, pela manhã, Moro revelou que a determinação do presidente em trocar o diretor-geral da Polícia Federal está associada à necessidade de barrar investigações que afetam os filhos, envolvidos em sérias infrações penais, inclusive são suspeitos de associação às milícias no Rio de Janeiro. Além disso, o presidente quer impor um freio ao recente inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal, cuja investigação é de responsabilidade da Polícia Federal, para identificar os organizadores e os financiadores das manifestações de ultradireita, contra a democracia, nas quais os participantes pedem a volta do AI-5, intervenção militar e o fechamento da Alta Corte e do Congressos Nacional. Em resumo: o fim do Estado Democrático de Direito. Moro são só pediu demissão, como deixou claro para o Brasil inteiro que o presidente está desesperado com o trabalho da Polícia Federal, e quer politizar o órgão, para impedir que as apurações alcancem, como tudo indica que alcançarão, os filhos e os amigos. Um uso espúrio e desavergonhado da máquina pública em favor do crime.

Giovanna Gouveia, Águas Claras



Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro está aumentando o custo da crise para a sociedade em meio a uma pandemia histórica. O presidente escolheu se transformar num vetor de instabilidade e converteu o governo numa usina de crises. Nas últimas semanas ele se empenhou em tumultuar as perspectivas de uma governança ainda que precariamente estável ao abrir confrontos com governadores estaduais, demitir o ministro Mandetta (Saúde), e agir claramente para desidratar outros dois, Moro (Justiça e Segurança) e Paulo Guedes (Economia). Não demorou muito, a exposição da discórdia com o ministro da Justiça obedeceu a um padrão visto recentemente no caso do ministro da Saúde e reproduzido agora com Moro. No desentendimento com Moro, há o agravante do motivo. Bolsonaro vinha tentando há tempos substituir o então diretor-geral da PF Maurício Valeixo, pessoa de confiança do ex-juiz. Senhor presidente, com meus respeitos, está explícito o seu interesse pela Polícia Federal à medida que surgem ou avançam as investigações no entorno do clã Bolsonaro. Lamentavelmente, o presidente Bolsonaro está fazendo movimentos bruscos como se estivesse tentando desmontar um esquema que objetiva tirá-lo da Presidência da República. Mesmo que esse esquema só exista na sua cabeça conturbada, e na de seus filhos. Seu modus operandi e suas ações são muito semelhantes às de presidentes que acabaram impedidos de continuarem seus mandatos, como Collor ou Dilma. Tudo começa e termina com a difícil relação com o Congresso. Bolsonaro vai pelo mesmo caminho, embora não exista nenhum processo de impeachment a ameaçá-lo, apenas no mundo virtual em que vive, fora da realidade. A realidade é uma só, ministros com boa aceitação popular são alvos das redes sociais, não são confiáveis ao núcleo duro do bolsonarismo. Muitos militares também não, e pode acontecer com eles o mesmo que já aconteceu com Santos Cruz, por exemplo, derrubado por uma campanha de Olavo de Carvalho, orquestrada pelo filhos do presidente. Infelizmente, Sergio Moro retira-se do governo com a hipótese de ir para um magistério no exterior, por exemplo, pois teria feito um mau negócio ao trocar 22 anos de magistratura pelo Ministério da Justiça. Confiou no capitão!

Renato Mendes Prestes, Águas Claras



Impossível estabilidade governamental quando o chefe do poder Executivo demite ou força a demissão de elementos de sua equipe, que se projetam positivamente, possivelmente fazendo-lhe sombra. Outros motivos subliminares, de cunho protecionista, não são esquecidos pelos analistas políticos.

Elizio Nilo Caliman, Lago Norte



Saúde

Só agora veio à tona porque os hospitais públicos não prestam: sujeira, falta de material, goteiras, falta de remédios, máquinas quebradas, caldeiras para lavagem de roupas hospitalares infectadas com defeitos, falta de médicos e pessoal. Motivo: muita corrupção em favor dos planos de saúde e dos hospitais privados, bonitos só nas faixadas. Agora, com o coronavírus, esses recebedores de dinheiro do povo se recolhem. Ficam caladinhos e tudo fica a cargo dos governos. Recusam até receber doentes dessa epidemia, mas que pagam planos exorbitantes. Os governos têm que tomar medidas duras contra esses aproveitadores.
 
José Lineu de Freitas, Asa Sul
 
 
 
 
 
 

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