Correio Braziliense
postado em 25/04/2020 04:06
Início do fim
A sexta-feira, 24 de abril de 2020, em pleno processo de pandemia e paralisação total do país e de boa parte do mundo, ficará marcada, também, como o primeiro dia do fim do governo do presidente Jair Bolsonaro. Tudo isso faltando ainda quase três anos de mandato, segundo o calendário oficial. Não se trata aqui de uma previsão mística, que tem como premissa a posição dos astros na abóbada celeste, nem de análise política feita pelos arautos do caos político, que, como urubus, têm na morte da presa seu sustento e ânimo. Sobre esse assunto, deveras desalentador, o dramaturgo William Shakespeare (1526-1616) se referia no seu tempo, quando observava ser uma infelicidade terrível toda a época em que os idiotas passam a guiar os cegos.
No nosso caso, a situação alcança ainda níveis mais dramáticos, quando se percebe que temos hoje, na Presidência da República, alguém que parece guiado por uma espécie de instinto sem racionalidade e que tem nos filhos histriônicos seus conselheiros para assuntos de Estado. Com a saída do ministro da Justiça, Sergio Moro, por motivos graves e que ficaram mais do que esclarecidos na coletiva que concedeu, o presidente perdeu não só mais um membro da equipe de ministros, como foi no caso da exoneração intempestiva de Henrique Mandetta, da Saúde, mas o principal esteio do próprio governo. Um personagem a quem o então candidato atraiu para sua campanha vitoriosa, seguindo a receita das cartilhas de marketing político, um verdadeiro herói nacional, um juiz que mudou os paradigmas da história política do país ao levar às barras dos tribunais membros de uma elite secularmente tida como intocável.
Com esse canto de sereia, atraiu para seu grupo uma personalidade ímpar, que numa outra situação normal de temperatura e pressão e sem o lulismo no horizonte próximo, seria inconcebível, para não dizer impossível. Sem Moro, o atual chefe do Executivo, a quem as pesquisas apontam em franco e precoce decaimento, perde uma parte para lá de substancial de seu governo, justamente a parte que cuidava da ética no trato da coisa pública, além, é óbvio, de manietar a credibilidade no combate à corrupção.
Para a surpresa de todos, inclusive do próprio presidente, a saída de Sergio Moro do governo, mesmo com toda a elegância e comedimento que são características da personalidade do ex-juiz, provocou, por sua explanação clara e sucinta dos acontecimentos que levaram ao seu pedido de demissão, um estrago profundo e, possivelmente, irreversível na imagem desgastada do governo. Os desdobramentos desse acontecimento são imprevisíveis e, por certo, ditarão o futuro desse governo, se é que ainda lhes resta algum.
A frase que foi pronunciada
“Os filhos convertem-se para os pais, consoante a educação que recebem, numa recompensa ou num castigo.
J. Petit-Senn, poeta suíço
Ainda
Desde 1960, essa coluna publica notícia de carros oficiais passeando pela cidade. Desta vez, numa padaria da Asa Sul, um motorista, uma acompanhante e um segurador de guarda-chuva chamavam a atenção no local.
Concurso
Prêmio Contos da Quarentena, da Livraria Lello, portuguesa. As inscrições vão até 31 de maio, 23h59, hora de Portugal. Veja os detalhes da inscrição no Blog do Ari Cunha.
Verdade
Chega até nós uma foto de um letreiro que invade as redondezas do MCTIC e Minfra, desrespeitando as regras da cidade. Parece montagem. Impossível acreditar nisso.
Sem fiscalização
Fica difícil compreender a razão do asfalto ser tão ordinário. Se o dinheiro do contribuinte é usado para o seu conforto, que se faça a obra do tamanho da cobrança. O que não dá é para empresas receberem muito e aplicarem pouco no serviço. Uma vergonha.
Nuval
Durante a quarentena, o Núcleo de Vigilância Ambiental tem visitado casas do Lago Norte, mas muitos moradores impediram a entrada por falta de crachá, e os funcionários não tinham máscaras para entrar nas residências. É preciso um comunicado sério das autoridades sobre essas visitas, inclusive com número de telefone fixo para confirmação.
Piscinão
Bares do piscinão estão fechados, mas, nos dias de sol, uma fila de muitos metros de carros ao longo da pista mostra que a quarentena está servindo de férias e alegria para muita gente.
História de Brasília
O ministro da Guerra deferiu o pedido do sr. José Rômulo Ribeiro, que solicitou isenção do serviço militar, por ser membro da comunidade religiosa Testemunhas de Jeová. (Publicado em 5/1/1962)
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