Correio Braziliense
postado em 26/04/2020 04:10
Moro e Bolsonaro
Abril de 2020, século 21, Moro e Bolsonaro. O primeiro, com uma vasta e limpa biografia. O segundo, com perfil militar, duro, agressivo e forte. Ambos lutando por um Brasil sem corrupção e combate à criminalidade. Mas na sexta-feira, ambos se digladiaram num embate de gente grande. De um lado, o maior juiz deste país que deixou a magistratura para se tornar ministro da Justiça e provável membro do Supremo Tribunal Federal. Bolsonaro exagerou na dose e demitiu, sem a assinatura de Moro, o diretor-geral da Polícia Federal. Moro deu entrevista e colocou o presidente da república em xeque. Enquanto Bolsonaro falou que Moro mentiu. A lambança, diante de uma crise sem precedente nas áreas da saúde e da economia, o ventilador funcionou também na política. Moro pediu demissão depois que Bolsonaro resolveu exonerar o diretor da PF sem seu conhecimento. Bolsonaro, por sua vez, desmentiu Moro. Resumo: bagunça geral no país tupiniquim.
» José Monte Aragão,
Sobradinho
» O presidente Jair Bolsonaro deveria fazer uma reforma ministerial. Daqui a uma semana, ele elegerá mais ministro como alvo para descarregar as suas frustrações e inseguranças. Demitiu o Henrique Mandetta, que conquistou a confiança de quase 80% dos brasileiros. Em seguida, criou uma crise sem o menor sentido com ex-juiz Sergio Moro, um dos mais respeitados pela sociedade. De uma hora para outra, implicou com o diretor-geral da Polícia Federal, indicado e braço direito de Moro, que lhe questionou o motivo da demissão. O desentendimento acabou com Moro fora do governo. Como prêmio, o presidente ganhou mais um panelaço, com gritos de “Fora, Bolsonaro”. Para piorar, as denúncias de Moro foram estopim para mais uma investigação que, dessa vez, envolverá o próprio presidente. Do lado de fora das hostes palacianas, aumentam os casos de infecção e de mortes pelo coronavírus. Em vez de voltar sua atenção à mais grave epidemia deste século, o presidente se ocupa de criar conflitos dentro e fora do governo. Alguém do Palácio do Planalto tem que informar ao presidente que ele não é a Constituição, não é o dono do Brasil e seus poderes são limitados pela Carta Magna de 1988. Caso contrário ele continuará pensando que a sua Bic tem superpoderes. Não é bem assim, e o presidente precisa cair na real e se comportar com chefe do Executivo da República Federativa do Brasil.
» Arthur de Castro,
Asa Sul
Coronavírus
O governo do Distrito Federal decretou uso obrigatório de máscaras, devido à pandemia do novo coronavírus. O simples uso da proteção é insuficiente para impedir que alguém seja infectado. Há poucos dias, uma usuária do transporte público do DF denunciou, por meio de carta ao Correio, que a Rodoviária do Plano Piloto congrega tudo que não se deveria fazer no atual momento. Faltam limpeza e desinfecção dos ônibus, os passageiros em fila nos boxes não atendem ao distanciamento de dois metros, recomedado pelos médicos — o ambiente da rodoviária é sujo. Em resumo, além de ônibus, o local teria virado um excelente ponto para quem deseja (se que existe alguém que queira) ser infectado pela praga. O poder público tem responsabilidade com a saúde dos cidadãos e deveria ser exemplo para todos. Mas não é assim que funciona na capital federal, menos ainda no restante do país. Hoje, sabe-se que o Sistema Único de Saúde (SUS), com orçamento subestimado, é a salvação de milhares de brasileiros que adoeçaram devido à contaminação pelo vírus. A epidemia mostrou o quanto o Estado foi, e ainda é, negligente com o melhor sistema de saúde do planeta, aberto a todos os cidadãos, sem distinção, e que tem profissionais abnegados, que trabalham com a preocupação de salvar vidas. Usar máscaras é muito importante, mas só isso é insuficiente para conter a transmissão da doença. Onde lavar as mãos na parte inferior da Rodoviária? Por que os ônibus não têm recipientes com álcool para os passageiros? Por que os ônibus não são limpos entre uma viagem e outra? Por que não há funcionários para organizar as filas? Com a palavra, o governo do Distrito Federal.
» Olívia Torres de Oliveira,
Águas Claras
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