Opinião

Sr. Redator

Correio Braziliense
postado em 28/04/2020 04:05


Oportunismo

Estarrecido, vejo o quanto o ser humano pode ser oportunista e desprezível. Em sua posse, o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, repetiu o que disse em vídeo de abril de 2019 e agora, reproduzido em discurso (19/4, pág. 16). Disse que o dinheiro a ser gasto para se tratar o coronavírus é igual para idosos e jovens, mas que os jovens têm uma vida inteira pela frente e os outros podem estar no final da vida. Descartar os idosos? Nunca vi tamanha imoralidade e descaso para com a vida. Se o jovem tem a vida pela frente, o idoso passou a vida produzindo a riqueza que nosso país e nossos filhos, hoje, desfrutam, inclusive ele, o ministro, que estudou em universidades e centros de pesquisas públicos.

Paulo Roberto da Silva,
Asa Sul



Bolsonaro

A reportagem “PF perto de pegar Carlos Bolsonaro” (26/4) explica a pressa do presidente Jair Bolsonaro em trocar, por “amigos dos meninos”, o diretor-geral da Polícia Federal, e corrobora a denúncia do ex-ministro Sergio Moro, que renunciou ao cargo. Segundo o ministro, o presidente pretende interferir politicamente num órgão de Estado, o que afronta a Constituição. Trocando em miúdos, o presidente bancará duas babás para evitar que os “meninos” sejam levados às barras dos tribunais. Ora, interferência nas investigações existirá de um jeito ou de outro. Não haverá necessidade de relatórios matinais para orientar as decisões do Executivo. Os integrantes da PF terão que resistir à provável usurpação dos seus deveres em um órgão de Estado, que tem autonomia de investigar quem quer que seja, inclusive o presidente da República. Bolsonaro chegou à Presidência e se sente dono do Brasil. Ele não é dono da nação. Foi eleito para administrar o país e garantir aos cidadãos acesso e usufruto dos direitos previstos na Constituição cidadã de 1988. Ele não é a Constituição. É um brasileiro como qualquer outro e deve respeitar as leis do país de modo exemplar.

Afrânio Mendonça,
Núcleo Bandeirante



» A nomeação de Alexandre Ramagem, amigo dos filhos do presidente, para a direção-geral da Polícia Federal, é a transformação da instituição em escudo do clã Bolsonaro. Os filhos são alvo de vários inquéritos policiais. Flávio Bolsonaro chegou ao Senado, deixando um rastro de participação em desvios de dinheiro — a famosa rachadinha —, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro; Carlos Bolsonaro, vereador, é suspeito de comandar o Gabinete do Ódio, que usa as redes sociais para disparar fake news contra os desafetos do presidente desde a campanha eleitoral de 2018. Eduardo Bolsonaro, deputado federal, também é citado na CPI Mista das Fake News como integrante do Gabinete do Ódio, que estaria instalado dentro do Palácio do Planalto. Como se vê, o clã bolsonarista está atolado em suspeitas de crimes contra pessoas e, ao fim e ao cabo, contra o país. Na tentativa de proteger os filhos, o presidente quer que o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Jorge Antônio de Oliveira, assuma o Ministério da Justiça. Tanto Ramagem quanto Jorge Oliveira são amigos da família. Não é preciso muito esforço para matar a charada: interferência política.

» Afonso Guimarães,
Noroeste



» Está na manchete do Correio (26/.4): Bolsonaro quer ministro e diretor da PF feitos em casa. Com certeza, Carlos, o Pitbull, seria um zeloso diretor da Polícia Federal (PF). O ministro da Justiça poderia ser Flávio ou Eduardo. Afinal, por que o velho Jair deve salvar as aparências, logo ele, tão sincero ao se expressar?

» Antonio Carlos Antunes Scartezini,
Lago Norte



Coronavírus

O ministro Gilmar Mendes sentenciou que devemos seguir rigidamente as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). No início da pandemia, a OMS recomendou que se fizesse quarentena rígida, com todos dentro de casa; depois, mudou e avisou que isso depende do país e da comunidade, porque há pessoas que precisam trabalhar para ganhar seu dinheiro dia a dia e porque, em certas regiões, o isolamento é impraticável. No início da pandemia, a OMS recomendou que não usasse máscara quem não estivesse doente; agora, mudou e recomenda que todos usem máscara. E, apesar de variar como biruta ao vento, isso foi levado tão a sério que os governadores agora vão prender quem não usar máscara, como têm prendido e algemado quem senta num banco de parque, quem vai surfar isolado em uma praia deserta, quem caminha pela calçada da praia, quem grita que quer trabalhar. E há governador que autorizou a invasão de casas sem mandado judicial, confisco de propriedades sem indenização e apreensão de carros que participem da carreatas, e seu confisco em favor do Estado, e outro que já monitora a movimentação das pessoas pelo celular. Afinal, as orientações da OMS estão acima das constituições? Então, já vivemos em ditadura. Nenhum ministro do STF se indignou por isso. Só mencionar AI-5 é que constitui atentado à democracia.

» Roberto Doglia Azambuja,
Asa Sul


» Boa medida decretar o uso obrigatório da máscara. Sem o distanciamento, porém, será de pouca valia. Máscara e quarentena, dependendo das circunstâncias, devem ser aliadas para combater com eficiência a pandemia do coronavírus. O tempo indicará quando ambas poderão ser dispensadas com segurança.
» Elizio Nilo Caliman
Lago Norte


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