Correio Braziliense
postado em 28/04/2020 04:05
Depois de dias marcados pela instabilidade e consequente dispersão de esforços, a semana começou com um aceno de tranquilidade. O presidente Jair Bolsonaro reuniu-se no Palácio da Alvorada com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Também estiveram presentes Tereza Cristina e Tarcísio de Freitas, titulares, respectivamente, das pastas da Agricultura e da Infraestrutura.
O encontro ocorreu de manhã cedo, horário incomum para debates da área — sinal da importância e urgência do tema. Ato contínuo, em entrevista coletiva, o presidente, ao lado dos auxiliares diretos, frisou que “o homem que decide a economia é um só. Chama-se Paulo Guedes. O ministro é quem dá o norte”. Guedes, então, tocou em ponto nevrálgico, que preocupa especialistas e investidores. Reafirmou que “o Brasil segue firme na política de responsabilidade fiscal”.
Trata-se de uma lufada de ar fresco no momento em que o país se debate em meio a duas crises — a política e a sanitária. Fatos desestabilizadores se sucederam quase sem intervalo. Entre eles, o estremecimento das relações do Executivo com o Legislativo, a substituição do diretor-geral da Polícia Federal, a troca do ministro da Saúde em plena pandemia, a exoneração do ministro da Justiça e Segurança Pública com acusações sobre intervenção indevida na pasta.
Ensaiou-se, no período, um tsunami na equipe econômica. O general Braga Netto, ministro-chefe da Casa Civil, anunciou o Pró-Brasil, plano sem detalhamento que visa acionar o Estado na tentativa de impulsionar a economia. Chamou a atenção, na oportunidade, a ausência de Guedes e a de membros da sua equipe. Explica-se o recado não escrito: o Pró-Brasil vai de encontro à necessária política de ajuste perseguida pelo ministro da Economia.
As sensatas palavras do presidente e do ministro Paulo Guedes reafirmam que os gastos públicos manterão o respeito ao teto de gastos para evitar o desregramento fiscal — praga que corrói a confiança no país desde 2014 e afugenta investidores. Passada a pandemia, o Brasil, sem recursos internos, precisa de capital externo para retomar o crescimento. A torcida é que cenários como os observados nos últimos dias pertençam ao passado, sem perspectiva de se projetarem no futuro. Sem previsibilidade e regras claras, engata-se a ré rumo ao retrocesso.
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