Correio Braziliense
postado em 29/04/2020 04:05
A Escola de Sagres, a Nasa e o Brasil
Quando se rema contra a correnteza, a única certeza é que precisamos remar duas vezes mais para empreender a viagem ou sequer sair do lugar. Os navegantes portugueses do século 15 em diante sabiam dessa máxima e, por isso, aperfeiçoaram um sistema de velames e de quilhas móveis, além de outros apetrechos técnicos, para navegar até contra o vento. Na verdade, invenções dessa e de outras naturezas, nascem sempre que algum obstáculo se interpõe entre aqueles que têm plano definido e seu destino final. As cartilhas e manuais foram escritas por aqueles que, por experiência ou sabedoria, anteviram, muito antes de nós, os obstáculos à frente. É fato que, depois da Escola de Sagres, acidentes e outros imprevistos mar adentro foram sensivelmente diminuídos. Desconsiderar ensinamentos é não só correr riscos desnecessários, como perder tempo e ir ao encontro de malefícios diversos.
Antes de se lançar ao mar, as naus e seus comandantes eram preparados com esmero na Escola de Sagres, que, à semelhança da Nasa, agência espacial, ensinava os segredos da navegação com base em uma ciência náutica, e não em improvisos quase sempre fatais. Do mesmo modo, dando um salto no tempo, constitucionalistas e outros doutos nas ciências do direito redigiram, com a participação de representantes da sociedade, a atual Carta Magna, um documento que, entre outras muitas utilidades, serve para orientar governantes, dirigentes e responsáveis pela chamada coisa pública. Na Constituição, está delineado que rumos e providências adotar na condução da caravela do Estado.
Ao tentar interpretar esse conjunto de preceitos, de forma a adequá-lo a interesses pessoais ou de grupos, corre-se o risco de perder o rumo e levar a nau de encontro as rochas. Doutra feita, quem não segue o que orienta essa verdadeira carta náutica corre o risco maior de se ver devorados por monstros marinhos em fossas abissais. De forma clara, quem não se apega à Carta Maior é presa fácil de grupelhos políticos e mesmo empresariais, que passam então a ditar que rotas o país deve seguir. Fora da Constituição o que se tem é o motim a bordo. A captura e o sequestro do transatlântico Brasil por piratas. Antes de tudo, para o bom comandante, é preciso fazer ouvidos moucos a todos os cantos de sereia, venham eles de onde vierem.
Frente ao Estado, é sabido que presidente não tem amigos ou parentes, principalmente consanguíneos e outros de nenhum grau. É, por escolha própria, um solitário. A carta náutica é sua única companhia. Para isso, deve se afastar de grupos de interesse, quase sempre formados por corsários e malfeitores. À semelhança do que fazia a Escola de Sagres e mesmo a atual agência espacial norte-americana, o comando da frota só era confiado àqueles pretendentes sabidamente capazes e capacitados. A nenhum outro.
A frase que foi pronunciada
“A mais perfeira razão foge de todo excesso.”
Montaigne, jurista, político, filósofo, escritor e humanista francês
Público
Veja no Blog do Ari Cunha duas importantes iniciativas da Biblioteca do Senado. A primeira traz os Atos Normativos para o enfrentamento da pandemia, numa pesquisa minuciosa feita a partir dos portais dos governos estaduais, distrital, municipais. A segunda disponibiliza ao público livros digitais gratuitos.
Solidariedade
Doarti é um aplicativo para as pessoas que buscam doar para instituições sérias. Veja no Blog do Ari Cunha o link para baixar o aplicativo.
Looke
Embaixada da França convida Brasília a apreciar os filmes daquele país. Festival Varilux — Cinema francês em casa. São 50 filmes exibidos por quatro meses gratuitamente.
Estranho
Quem passa pelo QG do Exército não vê o pessoal usando máscara.
Quarentena
Será o vírus chinês? Na falta do que fazer, recomeça a discussão sobre crucifixos e imagens em prédios da União e estados. A Procuradoria mede o estado laico por aí. O grande problema será destruir todas as notas de reais. Elas trazem a frase “Deus seja louvado”. Se, com Deus está difícil suportar tanta política, imaginem sem Ele!
Apoio da família
Por falar em Deus, uma cigana que pedia para ler a mão de uma senhora argumentou:” Posso ver o seu futuro nas suas mãos”. A senhora escolada respondeu: “Meu futuro está nas mãos de Deus”. Isso faz lembrar o golpe de uma senhora não tão descolada que caiu no conto da cartomante. Pagou com mais de um quilo de joias um trabalho que afastaria espíritos malignos. Pensando bem, deu certo. Depois de dar parte na Delegacia do Lago Sul, a cartomante foi obrigada a devolver tudo.
História de Brasília
Disse-me o industrial que eles cobram, por fora, uma diferença, que deixa o saco de farinha a Cr$ 2.695,00. E disse mais: “As notas são pagas à vista, em dinheiro, não aceitando sequer um cheque”.
(Publicado em 5/1/1962)
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