Opinião

Opinião: Precisamos de responsabilidade

''O que vai acontecer se os gestores públicos deixarem a balança pesar para reabertura de todas as atividades?''

Correio Braziliense
postado em 07/05/2020 04:05
A Justiça Federal suspendeu ontem a decisão do governador Ibaneis Rocha (MDB) de reabrir segmentos do comércio no Distrito Federal, a partir do próximo dia 11. Ao fazer isso, desagradou àqueles que defendem a reabertura de lojas, entre eles, o presidente Jair Bolsonaro e sua equipe, apesar do prognóstico desastroso em caso da quebra do isolamento social. O GDF garante que a curva de contaminação do novo coronavírus está estabilizada, o que daria a segurança para a retomada da rotina. Para isso, comprou e está distribuindo máscaras para a população e tem recebido das entidades de classe do setor produtivo sugestões de protocolos de segurança para reabertura de comércios de rua e shoppings.

É indiscutível a necessidade de retomada da economia. Empresas estão fechando, sim. Trabalhadores perderam e perderão o emprego, sim. Estão tendo o salário e a jornada reduzidos ou a suspensão temporária do contrato com amparo legal da MP 936, sim. Mas o que vai acontecer se os gestores públicos deixarem a balança pesar para reabertura de todas as atividades?

Esta semana, Atila Iamarino, doutor em microbiologia, fez uma live traçando o cenário atual do Brasil, comparado com países da Europa e com os Estados Unidos. A análise dos gráficos de outros países ou capitais que atingiram o pico e estão com a curva de contaminação em queda demonstra que o isolamento é a medida mais eficaz para conter a pandemia. Segundo Iamarino, quando a curva começa a cair, uma pessoa infectada contamina, no máximo, mais uma. Ele cita o exemplo do quadro atual da cidade de Nova York, que passou pelo pior momento, Alemanha e Coreia do Sul. Nos países com crescimento considerado preocupante, cada doente contamina outras duas pessoas.

A análise da realidade brasileira, amparada pelos dados oficiais de casos e de mortes divulgados pelo governo federal, cada cidadão infectado transmite coronavírus para outros dois ou três. Isso significa que, a cada cinco dias ou menos, o número de vítimas vai dobrar. Maranhão, Pará e Ceará decretaram lockdown, termo que define o isolamento compulsório, pelo risco iminente de colapso do sistema de saúde.

Neste cenário dramático, o que se espera dos governantes é responsabilidade, decisões amparadas pela ciência e pelas experiências que têm dado resultado mundo afora. Quando os leitos se esgotarem, os doentes começarem a morrer em casa, sem assistência, e faltar espaço para enterrar os mortos, será tarde demais.
 
 
 
 
 



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