Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 10/05/2020 04:16
Radicais sem cérebro dispensáveis ao país

Para os que buscam o bom senso e o equilíbrio entre opostos e as vicissitudes da vida, o melhor caminho a seguir é aquele situado no meio, no qual se pode observar, com mais justeza e equidistância, as nuances de cada lado da estrada. O filósofo de Mondubim costumavam ressaltar essa posição com o ditado: “Nem tanta fome ao pão, nem tanta sede ao vinho.” Sintetizado numa palavra, seria a tal da temperança, qualidade difícil de ser encontrada hoje nos homens públicos desse país.

Por meio dessa virtude, que muitos consideram inata, é possível ao indivíduo manter-se tranquilamente sempre dentro de seus limites éticos, o que o torna naturalmente protegido contra todos os tipos de tentações desse mundo. Fora dessa qualidade, o que se tem é o vício do radicalismo, que reduz no indivíduo a capacidade de enxergar o mundo em volta de si, conduzindo a uma posição de miopia, obrigando-o a perceber somente o que deseja, da maneira como quer.

O Brasil, que já experimentou nessas últimas décadas o sabor amargo do radicalismo de esquerda, com todas as suas consequências ainda bem visíveis, passa agora a ter que conviver e aturar o outro lado da moeda, em que pululam, com mesmo ardor irracional, os radicais de direita. Invasões de terra, facadas, mortes mal explicadas, cuecas cheias de dinheiro, apartamentos para abrigar notas de R$100, fugas ensandecidas, apoio à doação para governos antidemocráticos, autoridades que, ao discursar para outros países, deixavam — e deixam — os tradutores de cabelo em pé e radicais em êxtase.

De nada adiantaria qualificar esses radicais, de um lado e de outro, de insanos ou de massa de manobra, ou qualquer outro epíteto negativo. São o que são e vivem dessa ilusão, como um leitmotiv de suas existências vazias. É o que sempre se soube: quem não constrói seu porto seguro interno, vai buscar em outrem onde lançar as âncoras de seu barco.

Com isso, novamente as cenas se repetem, mesmas pregações, com sinais trocados, os mesmos insultos e agressões, tudo placidamente ignorado pelo governo de turno e seu grupo de apoio ideológico, como era feito no passado. O vermelho cedeu lugar ao verde-amarelo, sequestrado inescrupulosamente da bandeira nacional. As recentes agressões ao pessoal da saúde, que fazia um movimento silencioso na Esplanada dos Ministérios, seguidas de carreata pregando o fechamento do Congresso Nacional, do Supremo e pela volta dos militares ao poder deram a deixa para que jornalistas fossem também agredidos. O acampamento formado por simpatizantes do atual governo, armado em frente ao Congresso Nacional e pregando abertamente o extermínio da esquerda é apenas o mais do mesmo. Um dejá vu.

Travestidos de paramilitares, esses arruaceiros pretendem arregimentar um grande número de “novos insurgentes” para treiná-los em técnicas de revolução não violenta e desobediência civil, técnicas de estratégia, inteligência e investigação, organização e logística de movimentos contrarrevolucionários, entre outras táticas de agitação. Trata-se, a exemplo do antigo exército de Stédile, de um grupelho do tipo Brancaleone, no qual, além das trapalhadas de praxe, podem provocar ainda mais ruídos e desentendimentos nesse governo já, por si só, instável e belicoso.


A frase que foi pronunciada

“Nós deveremos ser lembrados na história como a mais cruel e, portanto, a menos sábia geração de homens que jamais agitou a Terra: a mais cruel em proporção à sua sensibilidade, a menos sábia em proporção à sua ciência. Nenhum povo, entendendo a dor, tanto a infligiu; nenhum povo, entendendo os fatos, tão pouco agiu com base neles.”

John Ruskin, escritor e desenhista.


Mãos pelos pés

» Faz tempo que essa coluna insiste na peçaneta. Felizmente, começaram a trocar as mãos pelos pés. Veja no Blog do Ari Cunha projetos populares de PVC para que ninguém toque no recipiente de álcool em gel quando for usá-lo. Veja também o que a Associação Nacional dos Inventores criou para aumentar a higiene em hospitais.

Só de maldade

» Sistema automatizado do Ministério da Saúde liga para as residências de todo o país com questionário sobre o coronavírus. Bandidos gravaram a ligação e, no final, avisam que estão enviando um código para validar as perguntas. Caso os desavisados digitem esse código no celular, o WhatsApp deixa de funcionar. Veja no Blog do Ari Cunha o que aconteceu com um jornalista.

Criatividade

» Como o brasileiro, não tem igual. Para poder andar livremente de bicicleta pelas calçadas da cidade sem ser importunado, os criativos usam uma mochila de entrega de comida mesmo sem ter nada dentro.

Solidariedade

» Contribuintes têm até o dia 30 de junho para entregar a declaração do Imposto de Renda. Uma oportunidade de praticar a solidariedade em comunidades afetadas pela pandemia. Veja no Blog do Ari Cunha como fazer.

Estranho

» Na tevê, desde a manhã até o último jornal, por streaming, no rádio e nos jornais, a covid-19 é imbatível na primeira colocação como assunto de destaque. Estranho mesmo é que a palavra que designa o país responsável por essa revolução mundial não é citada em nenhuma matéria.


História de Brasília

Mas Brasília vive, Brasília continua, nos seus 600 mil metros quadrados de construção já realizados, nos seus 240 quilômetros de esgotos já plantados, nos seus 90 milhões de litro d’água de reserva, no seu milhão e meio de metros quadrados de asfalto de primeira. (Publicado em 06/01/1962).


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