Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 13/05/2020 04:04
Verde ardente

Obviedades são como almas de outro mundo. Só são vistas por indivíduos dotados de percepções acima da média, com uma espécie de paranormalidade. São, nesse caso, aquelas pessoas capazes de enxergar além do que parece ser à primeira vista, esmiuçando o objeto com os olhos e as lupas de um especialista. O dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues (1912-1980) costumava dizer que só os gênios enxergam o óbvio. Ou em outras palavras, a obviedade é ululante.

Com essa premissa, fica evidente que o período estendido de quarentena fornece somente àqueles dotados de olhos para enxergarem a oportunidade única de avaliarem, com precisão, o mundo e a sociedade em volta. A virose, ao proporcionar a espetacular chance de uma espécie de retiro espiritual forçado, tem facultado a muitos a experiência de uma revisão do mundo, da humanidade e, sobretudo, das diversas e intrincadas relações que amarram esses dois sujeitos num destino comum, mas que dá ao planeta a vantagem de naturalmente prescindir dos terráqueos.

O mesmo não se pode dizer da espécie humana, umbilicalmente ligada à Terra e dela totalmente dependente para sobreviver. Espoliado e degradado pelos humanos, há muito o planeta vem emitindo sinais claros de esgotamento do modelo de exploração imposto pela sociedade de consumo. Na realidade, os constantes alertas de cientistas e ambientalistas vão nesse sentido. O planeta não consegue mais repor ou renovar os recursos naturais extraídos de modo irracional e, pior, sem quaisquer critérios ou preocupações com as futuras gerações.

Pouco antes de os eventos que conduziram à pandemia de características bíblicas, a agenda mundial vinha se ocupando dos fenômenos do aquecimento global e de todo o estresse que o meio ambiente vinha apresentando. Os prognósticos, com base científica, de um futuro sombrio para toda humanidade, caso persistisse o modelo atual de exploração, vinham sendo observados paulatinamente por alguns países mais comprometidos com a agenda ambiental do que outros.

Infelizmente, no rol dos países que passaram a dar pouca importância a essa agenda, o Brasil passou a ser destaque internacional. Ao contrário dos países desenvolvidos, o Brasil, por força do poderoso lobby do agronegócio e do grande apoio que esse grupo fornece ao atual governo no Legislativo, passou a empreender uma agenda própria, voltada mais para o interesse imediato dessa classe do que ao atendimento de questões ambientalistas.

Para essa turma, que inclui os extrativistas da Amazônia de minérios e madeiras, o meio ambiente nada rende comparado a outras atividades. É justamente essa agenda suicida que o atual governo resolveu adotar, forçando o Brasil a nadar contra a correnteza mundial e as evidências de que o planeta pede socorro. As queimadas na Amazônia, as invasões de terras indígenas e os desmatamentos nunca foram tão intensos como agora. O alerta tem sido feito tanto por monitoramento de satélites, quanto por denúncias que não param de chegar.

Aproveitando o período de pandemia e quarentena, quando os brasileiros estão alarmados e aflitos em preservar a própria vida, os habituais depredadores, inclusive, bancados com o dinheiro de poderosos grupos estrangeiros, estão agindo livremente, promovendo um saque ao país. O governo, para quem esses grupos são importantes para o “processo de desenvolvimento”, faz vistas grossas, ou seja, não enxerga o óbvio.



A frase que foi pronunciada

“Se queres provar-nos que és competente em agricultura, não o proves semeando urtigas.”
Georg Christoph Lichtenberg, filósofo, escritor e matemático alemão



Sempre burocrático
Cartório do 4º Ofício, na Asa Norte,  Quadra 504, anuncia pelo site que é possível fazer agendamento. Ao tentar marcar data e hora, a instrução é que o interessado vá pessoalmente agendar o atendimento no cartório. Chegando lá, recebe um papel para marcar data e hora ou opta por enfrentar a fila.



Cidade fantasma
Se, antes da pandemia, andar pelo Setor Comercial Sul era desolador, aquele mesmo cenário está se estendendo pelas áreas comerciais da cidade. Até um site foi criado com a lista de restaurantes fechados por toda a cidade. Veja no Blog do Ari Cunha.



Covid-19
Um túnel de ozônio. Foi com ess estratégia que a fábrica da Klabin resolveu manter seus colaboradores protegidos. Veja o link da notícia no Blog do Ari Cunha.



Megafone
Comemorações do Dia Internacional da Enfermagem usam o microfone para pedir melhores condições de trabalho.  Reconhecimento é bom, mas dar condições no trabalho é fundamental.



História de Brasília

E vive, também, como sede do governo, como centro convergente do país, como cidade, como comunidade. Antes, quando os blocos não estavam habitados, reclamavam contra a falta de choro de crianças, a falta de cheiro de bife nos corredores. Hoje, os que não querem ver a obra, dizem que a acústica faz com que se ouça o choro da criança vizinha, e há quem reclame contra o cheiro de bifes nos corredores de serviço. (Publicado em 6/1/1962)





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