Opinião

Sr. Redator

Correio Braziliense
postado em 14/05/2020 04:04

Retorno

Existe uma lei não escrita, mas difundida e conhecida por todos, é a Lei do Retorno. Tudo quanto alguém faz de bem ou de mal receberá o troco na mesma moeda, nesta vida ou na outra. A China pode não ser a responsável pela criação do coronavírus, mas foi onde tudo começou. Aquele país tem sua culpa, pois, poderia ter tomado as providências para evitar a propagação. Esta falha estratégica, ou a montagem de uma estratégia que pudesse alavancar mais ainda o parque industrial do país asiático se transformou em castigo para eles. Tendo em vista a mão de obra barata, muitas industrias do mundo montaram suas empresas naquele país, mas a retaliação começou, pois, o Japão está pensando em retirar todo seu parque industrial da China. O país nipônico é o que mais fabrica carros e motos do planeta, fora os eletrônicos da mais alta qualidade. Sony, Panasonic, Canon, Toshiba, Nikon, Fujitsu, Konica Minolta, Toyota, Honda, Daihatsu, Nissan, Suzuki, Mazda, Mitsubishi, Isuzu, Kawasaki, Yamaha. Essa possibilidade está causando arrepios no Partido Comunista Chinês, à medida que mais economias do mundo estão prontas para seguir o exemplo japonês. Essa lei vai acontecer no Brasíl com quem está aproveitando a calamidade para auferir lucros, sejam comerciantes, sejam políticos. Pagarão o preço da desonestidade, perdendo clientes ou votos, sem contar com possíveis sanções legais, inclusive para membros da cúpula jurídica brasileira.

Ruy Telles, Sobradinho



Improviso

Muitos cidadãos não ficaram tão perplexos e espantados com a ida do presidente Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) levando um grupo de empresários. O cidadão com uma visibilidade ampla percebeu, antecipadamente, que Bolsonaro não esperaria nenhuma solução para o problema que levantava: a volta às atividades econômicas. O objetivo de Bolsonaro era mostrar que estava trabalhando pela economia. Para isso, levou um equipe de tevê e transmitiu o encontro ao vivo, para surpresa do próprio STF. Um golpe de propaganda, nada mais. Impressionante como Bolsonaro consegue perder os bondes nessa luta contra o coronavírus. Perdeu o primeiro, quando se isolou, negando a importância da pandemia, criticando o trabalho de governadores e prefeitos. Uma nova oportunidade de liderança e alinhamento se abriria para ele, no processo de volta às atividades. Compete ao presidente unir governadores e prefeitos em torno de um detalhado plano de retomada. Dois dias antes de Bolsonaro ir ao STF, Angela Merkel reuniu as lideranças regionais para definir e modular um plano de volta. Esses planos são complexos. Obviamente que não adiantaria pedir ao Tofolli, porque ele não teria planos, pois o assunto não é sua praia, como também, com meus respeitos, a sua capacidade e o seu conhecimento jurídicos, conhecidos pela sociedade. Implicam definição dos dados necessários, como números de casos, disponibilidade de hospitais, capacidade de testar. Implicam, também, redesenho das escolas, das fábricas, dos escritórios, dos bares e restaurantes, dos salões de beleza, das barbearias, etc. Na Alemanha, técnicos foram às escolas para redefinir o espaço, inclusive determinar o novo lugar dos professores na sala. Em alguns países, houve escalonamento de turmas. Lamentavelmente, Bolsonaro, até o momento, apenas falou contra o isolamento. Foi incapaz de apesentar um plano, mesmo um pobre esboço, como Trump. Essa pressa acaba se estendendo a outros setores. Exemplo, nada comedido e sensato, o governador Ibaneis queria que a final do campeonato carioca fosse jogada do Estádio Mané Garrincha mesmo com um hospital de campanha instalado ali. Infelizmente, nós temos uma singularidade cultural, que é a improvisação. Na formulação de uma política nacional e solidária contra o coronavírus, é preciso liderança e capacidade de planejamento. Em tempo: alguém poderia me citar uma obra em Brasília que foi entregue na data aprazada?

Renato Mendes Prestes, Águas Claras



Ambições

O ministro da Saúde, Nelson Teich, está sendo ridicularizado pelo presidente da República e pelos seus asseclas, que o criticam nas redes sociais. Teich, neófito na política, está na mesma situação do então ministro Luiz Henrique Mandetta. O ministro deixa de lado o comportamento bizarro do presidente e segue a orientação médica e da ciência — o que contraria muito o capitão, ocupante do Palácio do Planalto. O Centrão, o grupo dos improbos da Câmara, estão de olho no orçamento da Saúde e querem o cargo de Teich. A vida dos eleitores é apenas um detalhe, pois o país está lotado de trouxas que garantem o voto, tradicionalmente, no que há de pior na política nacional. O oncologista está em meio ao fogo cruzado entre interesses diversos, que convergem em um ponto: como lucrar, mesmo que isto represente a morte de milhares de brasileiros. O presidente disse um solene “e daí, para o avanço da covid-19, que matou mais de 13 mil brasileiros. Ele quer os trabalhadores na rua, indo para seus empregos e se contaminando pelo vírus. Se a política econômica for um fracasso, aumenta exponencialmente o risco de não conseguir se reeleger. Se os trabalhadores adoecerem e morrerem... “E daí?”. Todos um dia vão morrer mesmo. As atitudes do presidente estão em oposição ao que recomenda o médico Nelson Teich. O presidente faz com ele o mesmo que fez com Mandetta: desrespeito e humilhação, como ocorreu na terça-feira. Embora Teich tenha perfil ideológico muito próximo do que pensa o presidente, para tudo tem um limite. Ele também tem (ou deveria ter) um nome e uma carreira profissional a zelar. Provavelmente, não permanecerá no cargo por muito tempo. A sociedade corre o risco de a Saúde cair na mão de um sujeito da espécie do atual titular da pasta da (des)Educação. Aí faltarão cemitérios para as vítimas do genocídio. E daí?

Eduarda de Paula e Silva, Asa Norte





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