Opinião

Visto, lido e ouvido

Correio Braziliense
postado em 14/05/2020 04:05

Se falasse menos, talvez compreendesse mais

Pesquisas de opinião pública só são levadas a sério quando favorecem determinadas torcidas. Do contrário, são classificadas como tendenciosas e pouco científicas. Claro que existem pesquisas que são confeccionadas objetivamente para atender a clientes específicos e nunca contrariam os prognósticos. Mas existe, também, aquele conjunto de pesquisas que avalia metodicamente uma amostra significativa da sociedade e dela consegue extrair uma média bem precisa do pensamento e do gosto geral da população sobre determinado assunto. O DataSenado é um exemplo.

Essas avaliações, tomadas como sérias, possuem grande valor na hora de medir indicadores como popularidade e rejeição a um indivíduo ou grupo e, como tal, devem ser estudadas com todo o cuidado a fim de orientar a correção de rumos e atitudes, imprescindíveis para aquelas lideranças que estão no poder.

De fato, nenhum político pode descartar o que chamam de retrato do momento, trazido pelas pesquisas de opinião. Dele depende muito o próprio futuro. Não é por outro motivo que, apesar das críticas de que muitas pesquisas erram feio em eleições, elas ainda são de enorme valia e, por isso, perduram como ferramenta para aferir, a cada momento, o coração volúvel do eleitor. Uma amostragem dessas pesquisas, que deve ser levada em consideração nesse instante pelo Palácio do Planalto, aponta, claramente, uma forte tendência de queda na avaliação de popularidade do governo Bolsonaro.

Em sentido contrário, assiste-se, também, a uma subida no número daqueles que passaram a considerar o atual governo ruim ou péssimo. É nesse tipo de gráfico, em que dois indicadores simultaneamente negativos para o governo se movimentam, que é chegada a hora de ativar o bom senso e de empreender uma mudança de rumos capazes de reverter a piora nos números.

Apenas à guisa de exemplo de uma pesquisa bem embasada metodologicamente, os dados levantados pela XP/Ipespe mostram, em dois momentos distintos, uma avaliação preocupante para o atual governo. Na primeira avaliação, realizada logo após a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça, 67% dos ouvidos disseram acreditar que a demissão do principal nome da equipe de Bolsonaro traria efeitos negativos para a continuidade do governo, principalmente no seu aspecto inicial de combate à corrupção e à chamada velha política.

A esses indicadores, que prenunciam tempos difíceis à frente, somam-se os números de outro levantamento realizado dias depois, e que, desta vez, avaliava o desempenho do governo frente à pandemia de coronavírus. Nessa nova pesquisa, os números indicavam uma subida de 42% para 49% na avaliação daqueles que consideram o governo ruim ou péssimo. No mesmo gráfico, era apresentado também um declínio nos números daqueles que acham o governo bom ou ótimo, de 31% para 27%.

As novas medidas adotadas na sequência pelo governo Bolsonaro, interferindo no comando da Polícia Federal, seguido de um gesto político muito arriscado de atrair o Centrão fisiológico para dentro do governo, bem como seu desempenho frente à pandemia, já indicam, mesmo antes de uma nova pesquisa vir à luz, que seus índices positivos continuam despencando ladeira abaixo, em abalada corrida. A continuarem as demonstrações públicas de desdém pelas pesquisas, vistas apenas comol armas da oposição, o atual governo deve colocar de lado qualquer pretensão em continuar depois de 2022, devendo cuidar logo do que ainda resta de credibilidade e de governabilidade nesse atual mandato.



A frase que não foi pronunciada

“Quanto custa a soberania de um país?”
Alguém com muito poder pensando e olhando para o mapa do Brasil



Perto do fim?
Amigos que vão na comissão de frente no que se refere à covid-19 avisam: a Alemanha começa a abrir as fronteiras. O uso da máscara continua obrigatório em ambientes fechados, restaurantes com condições de manter a distância entre as mesas já estão funcionando. Aos poucos, o comércio volta a se restabelecer.



Outro mundo
Japão é um país onde as pessoas respeitam a geografia corporal. Abraços, cumprimentos com a mão e tapinha nas costas não fazem parte da cultura. Levaram, como tudo, tão a sério o combate à covid-19 que, de semana em semana, os prefeitos liberam para a população relatórios completos sobre o número de doentes, com sintomas e sem sintomas, quantas mortes, em que área moram, etc. Vejam no Blog do Ari Cunha.



Higienização
Sexta-feira,às 14h, no Instagram, com o apoio da Emater-DF, Milena de Oliveira fará uma live sobre como higienizar os alimentos na volta do mercado. Veja as informações no Blog do Ari Cunha.



Urbanidade
Por trazerem contaminação, luvas e máscaras devem ser descartadas no lixo do banheiro, em sacos fechados para não prejudicar os profissionais da limpeza. Veja a campanha no Blog do Ari Cunha.



História de Brasília

Mas os inimigos não dormem. Vão até a leviandade, a mentira, ao disfarce. Falam, falam mal, dizem que o Iate é um barraco de madeira e fecham os olhos para as piscinas, para o ginásio, para o cais, para os jardins, para toda a sua beleza, enfim. 
(Publicado em 06/01/1962)
 
 
 
 
 



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