Opinião

Sr. Redator

Correio Braziliense
postado em 20/05/2020 04:05

Educação

Ao ensejo da comemoração do sexagésimo aniversário de Brasília, não poderia faltar a lembrança da utopia educativa que aqui se construiu. É muito significativo que o artigo Primeiro dia da educação em Brasília (19/5, pág. 11), da doutora em educação Cosete Ramos, nos remeta a 19 de maio de 1960, num relato emocionado sobre a aula inaugural do Caseb, proferida pelo presidente Juscelino Kubitschek. A organização do ensino médio, sob a forma de escolas compreensivas, propunha erigir em Brasília um sistema educacional à altura da grandeza da cidade que se estava construindo. Recorrendo ao pensamento de Anísio Teixeira, idealizador do Plano de Construções Escolares de Brasília, a educação nesta cidade credenciava-se, em face de seu espírito empreendedor, a propor “um conjunto de escolas que pudessem constituir exemplo e demonstração para o sistema educacional do país”. O apoio do presidente da República foi incondicional. Nas suas palavras, tratava-se de experiência “ousada, original e ajustada ao mundo em que vivemos”. O texto de Cosete Ramos é preciosa memória do feito

Marlene Cabreba, Asa Sul


» Cosete querida, ouvi de você esta história, mas hoje, ao ler seu saudoso artigo — Primeiro dia da educação em Brasília (19/5, pág. 11) —, recheado de detalhes, consegui viajar e enxergar aquele ambiente de tanta emoção e vibração. Parabéns e obrigada por nos presentear com essa pérola.

Ilda Peliz, Lago Sul


» Muito bom o artigo Primeiro dia da educação em Brasília! Surpreendente para quem não conhecia a história, interessante pelo conteúdo e muito instrutivo como parte da Brasília, nossa capital, que poucos conhecem de verdade. E a dra. Cosete, como personagem ocular no momento desta primeira aula (que privilégio!), nos presenteia com este magnífico artigo, que nos emociona e nos remete aos anos 1960. Parabéns, querida doutora, que não nos deixa esquecer a minha, a sua e a nossa participação na criação desta cidade, única, rica e espantosamente linda.

Wera Rakowitsch, Brasília


Lêdo Ivo

Prezada mestra Dad Squarisi, gostei de ler, na sua festejada coluna, na qual todos aprendemos português, literatura e sabedoria, aquela notável observação do poeta e prosador Lêdo Ivo. São palavras de um homem sábio, um mestre, que saiu de Maceió aos 20 anos, num ita, rumo ao Rio de Janeiro, para uma aventura corajosa, que deu certo. Saudoso amigo, gostava muito de Brasília, onde tinha vários admiradores e confrades de letras (letras literárias, como gostava de dizer Gilberto Freyre). Recortei aquela frase do Lêdo Ivo e botei num dos meus grandes cadernos de anotações, um mafuá de textos, fotos, desenhos, comentários, registros de história, etc. Imortalidade é isso: a gente citar e destacar Lêdo Ivo, Machado, Homero, Cícero, Gibran Khalil Gibran, Erasmo, Tácito, como se ainda estivessem neste plano. Abraço do leitor, confrade acadêmico e discípulo.

Danilo Gomes, Brasília


Escravidão

Maio não pode passar em branco. Mês no qual se comemora a Abolição da escravatura. Mesmo sendo uma condição especial da natureza humana, ainda hoje, está-se aprendendo a conviver com as diferenças. No entanto, nem toda diversidade significa desigualdade, e esse é o caso da diversidade étnico-racial. Em Raízes do Brasil (1936), Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) cunhou a expressão “homem cordial”, que até hoje é mal entendida e citada. A cordialidade brasileira que o historiador descreve não é a do bom coração e da hospitalidade, mas a do domínio da emoção sobre a razão, que pode causar tanto as efusões amorosas mais comoventes quanto as reações mais violentas e intempestivas. O homem cordial clássico é aquele que odeia formalidades, mesmo quando elas são criadas para organizar a vida de todo mundo, e ignora regras de ética e civilidade quando elas não lhe parecem 100% convenientes. Moraes Moreira (1947-2020) e Fausto Nilo compuseram Meninas do Brasil (1987): “Deus me faça brasileiro, criador e criatura/Um documento da raça pela graça da mistura/Do meu corpo em movimento, as três graças do Brasil/Têm a cor da formosura”. Mistificação à parte, nosso país ainda tem muitas dificuldades para se ver e reconhecer-se pluriétnico. Faz parte do racismo estrutural acreditar piamente no mito da democracia racial. O rei está nu, mas a cordialidade brasileira continua dizendo que ele se encontra vestido. O elogio da mestiçagem encobre a desigualdade baseada no critério racial — vergonhoso mal que ainda assola o nosso país. Precisamos desmascarar a maior fake news de nossa história: por decreto, a escravidão foi abolida em 13 de maio de 1888, mas a condição subalternizada imposta aos negros permanece até os dias de hoje. “80 tiros te lembram que existe pele alva e pele alvo”, adverte o rapper Emicida, na canção Ismália (2019). Utilizando o ideal de liberdade como cortina de fumaça, atos de extrema violência continuam sendo dirigidos à população negra, sempre subtraída em seus direitos civis, políticos e sociais pela branquitude racista e privilegiada.

Marcos Fabrício Lopes da Silva, Asa Norte


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