Correio Braziliense
postado em 20/05/2020 04:05
Conselho do passado
Embora a devida dimensão de um cargo político nem sempre é assimilada pelos escolhidos, verdade é que poucos dias antes do término do mandato é que reconhecem o pleno desempenho do ofício. O mesmo fenômeno acontece com governadores e prefeitos. Todos só começam a assimilar os segredos e as nuances da função quando é hora de dizer adeus. O instituto da reeleição talvez tenha vindo justamente com o propósito de dar uma segunda chance ao eleito.
Mesmo assim, essa nova oportunidade tem, entre nós, sido utilizada de forma a prolongar erros do passado ou mesmo aumentá-los em gravidade. O problema com as democracias do Ocidente tem sido esse modelo, que faz com que atores de filme B se tornem, de uma hora para outra, chefes de nação. Aos partidos, que controlam todo esse esquema, interessa, tão somente, apoiar indivíduos com visibilidade e chances de vitória, pouco se importando se eles são os elementos certos para determinadas missões.
De todo jeito, o que interessa aos partidos é ter nessa posição um correligionário. Com isso, a legenda ganha espaço, poder e, principalmente, o mapa que leva aos cofres do Tesouro. Obviamente, um esquema dessa natureza está fadado ao fracasso, com o agravante de prejudicar milhões de cidadãos. De toda forma, é o que melhor se apresentava para se contrapor à volta de uma esquerda pré-histórica.
Para tanto, a primeira lição, por demais conhecida desde o início da civilização e que ainda é válida, é livrar-se dos bajuladores e dos chamados puxa-sacos. Repetia o filósofo de Mondubim que, quem puxa-saco, também é capaz de puxar tapetes. Segunda, e também importante lição, é colocar parentes problemáticos em seus devidos lugares. Terceira lição é estudar os problemas do país, discuti-los com pessoas experientes no assunto e tomar decisões embasadas sem se preocupar com o horizonte político.
Todas essas lições básicas não surtirão efeito algum se o mandatário não aprender com as lições do passado, sobretudo, aquelas que marcaram os governos de seus predecessores. À guisa de facilitar qualquer mal-entendido posterior, recomenda-se ao neófito na Presidência que nunca receba políticos, empresários e outros próceres da República em segredo. Grave tudo e disponibilize todas as conversas em tempo real. Segredos e República são antípodas e destroem a democracia. Faça chegar ao povo todo e qualquer movimento das peças no tabuleiro. Por último, não confie em ninguém, nem na própria intuição.
A frase que foi pronunciada
“Eu não sou teimoso. Teimoso é quem teima comigo.”
Antonio Carlos Magalhães, político brasileiro
Realidade
» Depois de pegar ônibus e metrô, um bom banho seria o adequado, principalmente, para trabalhadores domésticos, de condomínios residenciais e comerciais, de restaurantes com entrega em domicílio. A aglomeração nos transportes é uma grande chance de contato com o vírus. A sugestão é do leitor Renato Prestes. Veja no Blog do Ari Cunha o perigo invisível.
Entretenimento
» Trata-se de um vídeo de Lysia Condé interpretando Corta Jaca. Mencionando o discurso do senador Rui Barbosa, que condenou, veementemente, a música de Chiquinha Gonzaga, arrasando a canção brasileira que fazia sucesso pela Europa. Costumes mais reservados e maneiras mais distintas não eram o que trazia o Corta Jaca, de Chiquinha. Veja os dois vídeos no Blog do Ari Cunha.
Essa não!
» Presidente Bolsonaro recebeu líderes do Flamengo com a proposta de trazer a equipe para treinar em Brasília, uma vez que o governo carioca não permite. Esse é um momento impróprio para atender uma demanda que em nada vai contribuir com a população da cidade.
História
» Coisa que pouca gente sabe é que a Biblioteca Nacional tem uma outra via original do decreto da Abolição da escravatura, além do documento exposto pela Biblioteca do Senado. Por falar nisso, a biblioteca do Senado completou 194 anos, carregada de história. Confira as informações no Blog do Ari Cunha.
Fala sério
» Wadih Damous, ex-deputado federal carioca pelo PT, questionou quando os colunistas farão o mea culpa pelo apoio à saída de Dilma Rousseff, “o que permitiu a ascensão de Bolsonaro. A matéria foi publicada no Brasil 247 e a palavra que significa mover de baixo para cima está grafada com erro. Essa é uma boa razão para iniciar a lista de razões para manter a opinião de sempre.
História de Brasília
O asfalto da Asa Norte, na pista leste do Eixo Rodoviário, sofreu uma depressão muito grande e está constituindo um sério perigo. É à altura da primeira tesourinha. (Publicado em 12/1/1962)
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.